domingo, fevereiro 27, 2005

Imelda, outra vez

Mais um fim-de-semana, mais dois pares de sapatos. Ou melhor, sandálias. Para o Verão. Para a minha ida para as arábias.

sábado, fevereiro 26, 2005

Monochrome

Por lapso, esqueci-me de vos oferecer estas linhas ontem. São dedicadas ao Pedro, ao João, ao Maique, ao RR e à Qui Qui - "the old friends who care for me, take me back home and stay". I love you guys, even if some of you are not yet "old" friends.

Anyway, I can try anything, it's the same circle that leads to nowhere, and I'm tired now. Anyway, I've lost my face, my dignity, my look - all of these things are gone, and i'm tired now.
But don't be scared: I found a good job and I go to work every day, on my old bicycle you loved. I'm pilling up some unread books under my bed and I really think I'll never read again. No concentration, just a white disorder everywhere around me, you know i'm so tired now.
But don't worry, I often go to dinners and parties with some old friends who care for me, take me back home and stay.
Mochrome floors, monochrome walls, only abscence near me, nothing but silence around me. Monochrome flat, monochrome life, only abscence near me, nothing but silence around me.
Sometimes I search an event or something to remember, but I've really got nothing in mind. Sometimes I open the windows and listen people walking in the down streets. Tere is a life out there.
But don't be scared: I found a good job and I go to work every day, on my old bicycle you loved. Anyway, I can try anything, it's the same circle that leads to nowhere, and I'm tired now. Anyway, I've lost my face, my dignity, my look - all of these things are gone, and i'm tired now. But don't be scared: I found a good job and I go to work every day, on my old bicycle you loved.
Mochrome floors, monochrome walls, only abscence near me, nothing but silence around me. Monochrome flat, monochrome life, only abscence near me, nothing but silence around me.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Le jour d'avant

"Just tell me why you're pissed with me"

"Why should I tell you to get lost?"

"It wasn´t and isn´t my intention to be rude"

"I´m sorry"

"No, because I care about you"

[Hoje é só citações de outras pessoas neste blog... As minhas desculpas aos leitores que anseavam por material cem por cento original, mas isto de escrever notícias e blog's estoira qualquer um...]

Este foi o resultado do boicote à greve de ontem.
Chorei ao lê-las - 2005 é o ano das lágrimas -, fiquei em transe, num estado algures entre o choque, a comoção e a dúvida.

One day you told me - "Lost in work, not in translation".
I'm seeing the movie this weekend.
I think we lost ourselves in translation.

Even so, my heart is full again. Full of nothing: only this lines you wrote me yesterday. Not much, but I'm not demanding too.
This morning, Tiersen's "Monochrome" was playing in my car audio, and I made another Jeunet ultimatum: If I have 2 envelopes in my keyboard, at work, this story will have an happy ending.
And guess what?
There they were.

R, ou The English Patient

O hotmail tornou-se ridículo, desprezível, desde que o Gmail entrou na minha vida. Não fosse o messenger e já tinha abandonado este meu mail velhinho num qualquer asilo cibernético de luxo para software e aplicações obsoletas (o hotmail ficava na suite do Eudora, a minha primeira caixa de correio electrónico, em 1996).
A tentativa absurda de me seduzir com um "upgrade" para os 250 MB de capacidade (um quarto da capacidade do meu Gmail lindo, oferecido pelo David) nem mereceu a minha atenção - continuo apenas com os dois megas, uma espécie de sentença de morte cerebral, de prolongamento de uma vida vegetal.
Hoje fui lá visitá-lo - visita de médico, claro -, porque me conseguiu vencer pelo cansaço: sempre que iniciava a sessão do messenger dava-me conta da quantidade de mails que lá tinho por abrir. Tudo publicidade para aumentar o tamanho do meu pénis, algumas informações da Marktest, recentes aplicações das células estaminais do cordão umbilical no tratamento de doenças graves e votos de Boas Festas da OK Teleseguro e da Crioestaminal.
Estranhei estar a utilizar quase 80 por cento da capacidade do Hotmail. Fui tentar perceber porquê. O que é que pesava tanto? Encontrei, então, uma pasta chamada "The English Patient" - um depósito de mails de uma história mal resolvida, que eu decidi guardar.
Outro dia, o Pedro surpreendeu-me ao perguntar: "Porque é que fizeste uma tatuagem?". "Porque sim, porque me apetecia", respondi eu, mentindo.
Fiz a tatuagem por causa deste senhor que enterrei numa pasta do hotmail que já nem me lembrava que existia.

Esta é a nossa história: que ficou gravada nas minhas costas para sempre.

Wednesday, January 29, 2003 5:08 PM

Não me vou fazer de difícil, está descansada. E agora, o que é que vou fazer? Não te posso mandar todos os mails que te escrevi e não recebeste. Quando muito posso imaginar o seu destino no famoso céu dos computadores, um local similar ao do céu dos botões e das meias, o paraíso para onde caminham ascoisas que perdemos ou "enfiámos" não se sabe onde. E agora para uma coisa completamente diferente... Quando é que jantamos? - eis uma questão que se coloca de forma veemente. Além de esperar que melhores por razões humanitárias, também desejo que o faças o mais rapidamente possível para podermos jantar. As saudades quando chegam, calham a todos. Mas a verdade é que há coisas que a própria razão desconhece... Fico à espera que os planetas se coloquem em posição para nos encontrarmos. O pior é se a frequência com que isso sucede é igual à do cometa Halley. Beijo

Thursday, January 30, 2003 5:32 PM

Se deu o recado? E de que maneira... Mas pronto, isso agora não interessa nada. Gostei da mensagem transmitida por ela, mas preferia que tivesse acontecido em pessoa. De qualquer forma, e visto que a culpa de não nos encontrarmos é essencialmente minha, aceito-a de bom grado. Quando quiseres repete agracinha. Sendo assim, é altura agora de me regojizar pelas tuas excelentes melhoras de saúde. Quanto a hoje, mais uma vez temo o pior. Compromissos "conjugais"previamente definidos não me permitem a realização de tão arrojados planos. Se daqui a duas reencarnações não tiveres planos, avisa! Claro que nos vamos encontrar antes disso. Consultei a minha bola decristal e ela diz-me que entre amanhã e 27 de Julho de 2017 nos iremos encontrar. Beijo PS - Voltando ao assunto do recado enviado, mais uma vez lembro: continua assim! Depois tens que me dizer onde desencantas os teus pombos correio.

Tuesday, February 4, 2003 6:31 PM

"Sem expectativas, sem angustias, sem medos e, tambem, sem vergonhas". Estou de rastos! Isso não é coisa que se diga... O nó que tenho no estomago e sorriso estúpido na cara são prova disso. Enfim... estás cada vez mais perigosa.

April, 14 2003
Dia wrote:

Estou a escrever estas linhas, porque dediquei a última meia hora à limpeza da inbox do meu hotmail. Estive a revisitar todos os e-mails que te enviei e as poucas linhas que me dedicaste. Não os apaguei.
Existe um mail que nunca chegou ao seu destino: está guardado nos drafts, à espera de não sei do quê. Foi escrito numa estranha madrugada, num corredor frio e vazio do hospital de Santa Maria, à porta dos cuidados intensivos, onde a minha mãe estava ligada a tubos e fios entre a vida e a morte.
As minhas duas passagens pelos corredores das urgências deste hospital foram suficientes para ter arranjado, por aqueles lados, um clube de fãs. Enfermeiros e auxiliares achavam piada à miúda que, impecavelmente vestida, e com uns saltos altos de pelo menos 7 cm, andava de um lado para o outro a acompanhar e tranquilizar os velhotes que, por não terem família, eram ali deixados à sua sorte, em macas espalhadas um pouco por todo o lado.
A certa altura - já deviam ser umas três da manhã -, estava eu a reconstituir o desmaio que uma velhota (cujo nome não me recordo já) tinha dado a sair de casa (que lhe partiu um braço e o nariz) - isto depois de ter ouvido, de boca aberta, o fabuloso destino de uma senhora de meia idade que foi abalroada e atropleada por um autocarro da Carris, mas ficou apenas com meia dúzia de arranhões nos braços -, um enfermeiro tocou-me no ombro e perguntou-me se eu não queria comer alguma coisa.
R, não sei como te dizer, mas tens um sósia no hospital de santa maria - será que é isso que fazes nos teus tempos livres? Eu pensava que era jogar Playstation...
Aceitei o convite. Comemos uma sanduíche intragável e fumei um cigarro dos dele (eram Marlboro Lights).
Na lapela do meu casaco, estava colada uma etiqueta com um código de barras e o nome da minha mãe. Uma esferográfica vermelha tinha desenhado um A, de acompanhante. A escolha cromática não é gratuita. As urgências dividem-se por cores: verde, para os doentes que não têm mais do que unhas encravadas; amarelo, para doenças que podiam ter ido para o centro de saúde, mas que já dão uns febrões; laranja, quando a coisa está mal; vermelho quando a coisa está muito negra.
Perguntou-me, o enfermeiro-sósia cujo nome não indaguei, o que é que tinha a minha mãe. Expliquei-lhe vagamente e, com um descaramento que só tenho em momentos de grande angústia, pedi-lhe uma cunha: se ele podia ver como ela estava. Ele prontificou-se a cumprir a sua missão de imediato, deixando-me mais um cigarro para a espera.
"Está estabilizada e a dormir", disse, quando regressou à sala de espera, já vestido à civil.
Perguntei-lhe, de imediato, se ele algum dia tinha lido o "Por um fio". Não tinha. Também não tinha visto o filme: ainda tentei explicar-lhe que era uma película com o Nicolas Cage, que era a terrível história de amor de um paramédico e de uma rapariga cujo pai estava internado em coma. Não tinha nunca ouvido falar, mas prometeu que ia comprar o livro.
Disse-me que o que eu estava a fazer por aquelas pessoas abandonadas nas urgências era muito bonito. Indagou se eu não quereria ser ali voluntária aos fins-de-semana. "Vou pensar", disse eu.
Deixou-me um cigarro extra, e anunciou que tinha acabado o seu turno. "As melhoras para a tua mãe".
Nunca mais o vi. Às vezes questiono-me se não terá sido mais uma alucinação minha.
O mail que está nos drafts é mais ou menos esta história. Escrevi-o na meia hora que se seguiu, na contracapa de um livro que o Leonardo me levou para ajudar a matar as horas. És a minha ninfa literária favorita, R.
Beijo
Dia


Tuesday, May 13, 2003 12:48 PM

Sabes que dispenso poucas linhas, mas boas. Aliás, é raro responder a quemquer que seja com mais do que uma centena de caracteres.
Quando é que passas os teus desvarios literários para o papel?
Beijo

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Fura-greves

Merde!
Não está certo.
Detesto o Freud e o inconsciente - esse filho-da-puta que fintou a censura e o "casse tête" do meu super-ego, deixando-se seduzir pelo meu gigantesco id, e me fez furar, inconscientemente, o pacto de silêncio.
Não está certo. Volta tudo ao zero e não está certo...

Tant Pirre

Tant Pirre!
Quando um dia Jeunet falha os objectivos a que se propôs, os seus interveninetes encolhem os ombros e dizem, sempre em francês: "Tant Pirre"!
Quando as coisas correm às mil maravilhas, exclamam, também em francês, "Ça marche bien" e, mal o som nasalado da última palavra é projectado para o ar, acontecem os fenómenos naturais mais extraordinários: o céu pigmenta-se de laranja, os animais de estimação adquirem o dom da palavra, os objectos inanimados, como por exemplo, o teclado Compaq em que escrevo estas linhas, ganham vida própria e ensinam-nos o sentido da vida.
A música de um dia Jeunet bem sucedido é do Tiersen, claro, frenética, bombos, pianinhos de brincar, caixinhas de música de bébé. Num dia Jeunet triste, a melancolia do Yann invade os seus intervenientes e o piano (e às vezes o acordeão) afiambra toda a banda sonora.
O dia Tiersen de ontem foi especial. A luz estava perfeita, os scones na Versailles também e o lusco fusco da minha varanda de quase duzentos anos sobre o Marquês de Pombal deu o necessário toque francês à coisa.
O senhor Vring não ligou. Não escreveu. Não Gmailou. Não enviou um pombo correio. Não amestrou pulgas. Não projectou uma mensagem nas estrelas. Não deixou um bilhete na caixa do correio. Nem debaixo do tapete da entrada.
À meia noite acabou o prazo. Não me transformei em abóbora e também não chorei.
Fiquei apenas triste. Corri para a aparelhagem tirei do "pause" a música "les jours tristes" do Tiersen. Se as coisas tivessem corrido bem, recuava umas faixas e deixar-me-ia levar pela "Valse d'Amélie".
Continuo em greve de silêncio. Apesar de ter feito batota e de o ter visto, propositadamente, há bocadinho, de relance, num carro branco demasiado pequeno para a sua estatura. Não lhe vi a cicatriz no nariz , não o olhei nos olhos. Balbuciei qualquer coisa, dei uma pancadinha no Fiat que ele tinha mal estacionado em segunda fila e fui embora, comprar cigarros que não precisava para nada.

Hoje é um dia Jeunet triste. Na minha cabeça, está, em repeat one, esta:

Les Jours Tristes

It's hard, hard not to sit on your hands
And bury your head in the sand
Hard not to make other plans
and claim that you've done all you can all along
And life must go on

It's hard, hard to stand up for what's right
And bring home the bacon each night
Hard not to break down and cry
When every idea that you've tried has been wrong
But you must go on

It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
Don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day

It's hard, hard when you're here all alone
And everyone else has gone home
Harder to know right from wrong
When all objectivity's gone
And it's gone
But you still carry on

'cause you, you are the only one left
And you've got to clean up this mess
You know you'll end up like the rest:
Bitter and twisted, unless
You stay strong and you carry on

It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
And don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Um dia Jeunet

Hoje decidi: vai ser um dia Jeunet.
Acordei inundada de sol. Mirei-me de raspão ao espelho, apenas para tirar os elásticos do aparelho, que me transformam num híbrido entre o homem-elefante e o patinho feio. Cabelo em desalinho, tipo ninho de ratos por não o ter escovado e entrançado antes de adormecer, olhos negros, esborratados, porque não tive paciência para tirar o rímel.
Corri para os seis metros de comprimento de superfície envidraçada do meu 10º andar sobre Alvalade. Para fumar um cigarro em jejum. Dali vê-se tudo: o Estádio do Sporting, do meu lado direito; a sede da Caixa Geral de Depósitos, do meu lado esquerdo. A casa do senhor holandês, cor-de-rosa, muito, muito perto da minha janela.
(Suspiro)
Olhei para o céu. Não sei porquê. Não estava a cobrar nenhum favor divino; não estava a fazer nenhuma prece ou oração.
O céu de Alvalade hoje estava bonito, manchado de branco e cinzento. Do meu lado esquerdo, por cima da escola onde aprendi a ler, estava uma nuvem mais escura. Uma nuvem de chuva. Tinha a forma de um peixe. Perfeita.
Foi nesse momento que decidi que hoje ia ser um dia Jeunet.
Banho rápido, muda fralda, prepara biberon, brinca às escondidas com a Carolina tudo ao som do Yann Tiersen.
Um dia Jeunet tem que ser ao som do Yann. A Carolina gosta. Canta e dança. E sorri. Ouviu muito Tiersen quando era um pequenina. Quando estava dentro de mim.
Um dia Jeunet não se coaduna com saltos altos. Calças cinzento rato de bombazine muito confortáveis, ténis pretos novos (sim, comprei uns ténis: são as más influências da Pandilha), pullover encarnado, cabelo preso num rabo de cavalo - uma heroína Jeunet não é sofisticada (não resisti, porém, em alongar as minhas pestanas até aos limites do impossível, com o rímel que está na moda).
O Tiersen veio na mala comigo. Gaseou os estofos laranja do meu Idea com o som do acordeon, dos violinos e do piano. E do tiritar das teclas de uma máquina de escrever antiga sobre uma folha papel.
O CD tocava a faixa 4 do L'absence quando eu lançei o repto: "Se eu arranjar estacionamento de borla à primeira volta pelo quarteirão, ele gosta de mim". Dois minutos depois estava a parar o carro. Num lugar fora do domínio da EMEL. Na primeira volta.
Sorri.
Mas não fico por aqui.
Tenho pacto com o demónio do estacionamento há muito tempo. Tenho sorte ao estacionamento, porque tenho azar ao amor.
Começou hoje a minha greve de silêncio.
Se até ao final do dia ele me disser qualquer coisa - vale tudo: mail, messenger, sms, telefone, ou mesmo pessoalmente, cara-a-cara -, então, sim, ele gosta de mim.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Pessoas assim

Há pessoas assim.
Que a gente conhece e passado nem um minuto lhes conta a vida toda.
O senhor lá de cima - que não veste túnica branca nem tem longas barbas brancas - tem sido generoso comigo: tropeço a torto e a direito em pessoas assim.
A Cat "Gato Pardo" é uma pessoa assim - tal como é o assessor mais bonito de Portugal que, de vez em quando, aparece por estas bandas, suspeito.
Não sei há quanto tempo não vejo a Cat. Conhecemo-nos num qualquer almoço de serviço (nem sei precisar) há um bom par de anos, e contam-se pelos dedos da minha mão as vezes que estivemos juntas. De qualquer forma, a Cat tem o condão de aparecer quando eu mais preciso.
A Cat é meia bruxinha e disse-me, na sexta-feira, "não sei porquê, acho que vou ser citada muito proximamente no teu blog". Recebi esta mensagem, no preciso momento em que estava a fazer "copy" e "paste" das palavras sábias dela, do messenger para o word.

Gato Pardo diz:
como nao acontece nada, nao evolui

Gato Pardo diz:
e por enquanto sempre vais mantendo o teu coraçao ocupado

Gato Pardo diz:
o problema do nosso coração, é que muitas vezes vivemos as coisas todas nele e nao na realidade


Mais vale um coração mal ocupado, mas a transbordar de emoção, do que um coração vazio?
Sim, vale a pena. Todas as noites, esvazio o meu coração, mas, de manhã, ele está cheio outra vez.

Obrigada, Gato Pardo.

Imelda Ralha

Se esta tristeza não passa depressinha, arrisco-me a ficar conhecida por Imelda Ralha.
Na outra semana fiz um censo lá em casa - contei 30 pares de sapatos (só sapatos, não foram contabilizados neste levantamento botas, sandálias ou chinelas) - e, digamos que, este fim-de-semana, foi um disparate...
Ao menos, comprar sapatos não engorda!

O discurso de vitória do PS que não mostraram na TV

"Portugal estava à beira do abismo. Hoje, com esta vitória histórica esmagadora do PS, demos um passo em frente!"

[José Sócrates, ontem à noite]

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Missing

[Não fiques triste comigo, anjito. Eu sei que achas que é um desvio de personalidade sério gostar de Evanescence, mas o raio da música é mesmo boa e a Amy (para os amigos) tem uma pinta do caraças...]

Please, please forgive me,
But I won't be home again.
Maybe someday you''ll woke up
And, barely conscious, you'll say to no one:
"isn't something missing?"


You won't cry for my absence, I know -
You forgot me long ago.
Am I that unimportant...? Am I so insignificant...?
Isn't something missing?
Isn't someone missing me?

Even though I'm the sacrifice
You won?t try for me, not now.
Though I'd die to know you love me
I'm all alone.
Isn't someone missing me?

Please, please forgive me
But I won't be home again.
I know what you do to yourself
I breathe deep and cry out:
Isn't something missing?
Isn't someone missing me?

And if I bleed, I'll bleed
Knowing you don'tt care.
And if I sleep just to dream of you
And wake without you there
Isn't something missing?
Isn't someone missing me?

Is it?

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Orquídeas e Pirilampos

[Ao terceiro dia, a Pandilha ressuscitou - foi milagre da santa irmã Lúcia. A primeira "road trip" da Pandilha é rumo a Fátima, em peregrinação. Vamos ao Santuário acender uma vela em forma de coração. Pode ser, arcanjo amigo?]

Os dias têm sido difíceis. As noites, então, nem se fala.
É grande o silêncio, como diz o meu "amigo" Pedro Ayres Magalhães, eu aguardo o milagre, espero, espero... espero o que for preciso, digo a mim própria que Fevereiro é o mês mais pequeno de todos, que podia ser pior, mas onde está a tua voz? Queria ouvir a tua voz, diz a tal melodia em tom menor.
Ontem foi uma noite estranha. Começei por chorar baixinho, sentada no chão do quarto, com as mãos agarradas à cabeça e a cabeça enfiada entre os joelhos, para a Carolina não ouvir, para a Carolina não acordar.
Liguei o computador à procura de um anjo (o Ben Harper perseguiu-me ontem o dia inteiro) e não estava lá quem eu procurava.

Minto.
Estou a mentir com quantos dentes tenho (agora tenho menos quatro dentes do que as pessoas normais, mas até há pouco tempo fazia furor em qualquer consultório dentista a que fosse, tiravam-me o raio x e, segundos depois, o gabinete era inundado de médicos que vinham ver a aberração, a atracção de circo, porque eu tinha não quatro, mas sim, oito dentes do siso. Era muito juízo junto: o doutor Hugo arrancou-mo todo há mais de dois anos - coincide, doutor Hugo! Se calhar, vou processá-lo... O doutor Hugo é um patusco - quis dar umas voltinhas com a menina dos oito dentes do siso, deu-me um papelinho com um número de telemóvel... Parva fui eu em não ligar, o doutor Hugo é muito bonito e charmoso e... casado. Foi por isso que eu não liguei, já me lembro! Afinal, não fui parva: ainda tinha algum do juízo que ele me arrancou dos maxilares).
Liguei o computador, corri o Mac Messenger pré-histórico que o Maique descobriu, "no escuro da net", para os nossos mac's velhinhos e lá estava, online, o senhor da cicatriz no nariz com quem eu sonho acordada não chega sequer a um par de meses (tão pouco???).

Abri a alma, falei demais, esquecendo-me que o sr Tsunami Vring é o veneno, esquecendo-me que não lhe posso pedir que seja o antídoto. Não seria justo.
SMS de SOS para o Maique, nem um minuto depois iniciou a sessão - enfiou a sua vestimenta de cavaleiro andante rapidinho e pôs mãos à obra no salvamento de uma donzela deprimida por causa da sua família Adams, imaginei eu.
Mais uma vez, a conversa fez-me bem - é o poder dos anjos.
De repente, não mais do que de repente, num abrir e fechar de olhos, já não interessava a vergonha e a revolta que eu sentia.

Ri-me alto (não muito alto para não acordar a Carolina e, como apontou o Maique há alguns dias, também numa noite difícil, eu já não me rio como antigamente, ando triste, ele reparou) e falei-lhe de orquídeas e lanternas de pirilampos.
E de Bonsais. De como eles são iguais a um grande amor - de como rquerem cuidados diários, muito mimo, paciência, de como, ao mínimo deslize, eles morrem. Contei-lhe, também, da crença asiática de que apenas boas pessoas conseguem fazer florir as orquídeas.
Revelei-lhe que, durante anos, as minhas orquídeas só davam folhas. Muitas folhas. Mas que, teimosa como sou, nunca desisti de as ver em flor - falei com elas todos os dias, na minha varanda solarenga, e reguei-as com moderação, porque elas gostam disso, de passar um bocadinho de sede, disse-me uma vez a Dona Fátima (a senhora que vende flores numa Praça a céu aberto, ao lado do cinema King, a mulher que todos os anos me arranja amores perfeitos - anda difícil, este ano, ainda não houve amores perfeitos -, que quando a Carolina nasceu mandou-me um amor perfeito pela Magui, que esteve em flor até ao Verão e que só morreu por causa de um ataque vil de cochonilha que veio num dos meus jasmins de Madagáscar. Mas, dizia eu, traz-me amores-perfeitos, porque sabe, a querida Dona Fátima, que eu gosto do simbolismo do nome da plantinha).
Houve um dia, disse ao Maique hoje de madrugada, em que acordei e decidi morrer de tristeza - foi em Fevereiro, agora que me lembro disso . Nessa manhã, fui fumar à janela e, sem querer, espreitei o primeiro botão em flor da minha orquídea rosa, e soube que tudo seria melhor a partir daquele instante.
Tornou-se claro, na altura, apesar de ter os olhos inchados, por chorar ininterruptamente durante três dias, que as orquídeas têm que ser felizes para dar flor. Que a espera é longa - a orquídea rosa esteve quatro anos sem dar flor -, mas a recompensa é um dos milagres mais bonitos da natureza (a primeira flor da minha orquídea rosa está prensada numa página de um livro qualquer, não me recordo, mas sei que a guardei).
Na minha cabeça perturbada de então, houve clarividência suficiente para perceber que esta história bonita feita de orquídeas não se aplica apenas ao reino vegetal. Que a nossa vida é assim, também. Que, quando tudo parece perdido, os nossos esforços decidem brotar inesperadamente.
Eu sei que a minha orquídea rosa me salvou nesse dia. Vesti-me à pressa, pus os óculos escuros na cara deformada pelo choro, dei entrada na urgência de um hospital e expliquei ao médico, que era francês, que estava a morrer de tristeza.
Pensei que ele se risse, que me dissesse que ninguém morre disso, mas, bem pelo contrário, levou o assunto muito a sério e gabou a minha coragem de ter dado entrada numa urgência hospitalar com uma ferida invisível. Uma ferida que não se vê nas TAC, nos raio X, nem mesmo nas ressonâncias magnéticas, mas que era mais grave, disse ele, do que todas pernas e braços partidos que ele tinha atendido nesse dia.
Actualmente, as minhas orquídeas dão-me flores uma vez por ano. O espectáculo começa pela orquídea rosa, no início de Março, depois vem a branca e finalmente as flores miudinhas da arborícola - a mais recente lá em casa (tem apenas dois anos nas minhas mãos). Dão-me tantas, tantas flores que, no ano passado, já ia alto o Agosto e ainda havia orquídeas em flor lá em casa.
Disse ao Miguel que, para além do meu dom para as orquídeas, há mais de um ano que nao perco um bonsai. Que estou preparada para cuidar de um grande amor.
Suspirei.
Acabei a noite a rir, bem disposta, depois de uma lição de botânica, antecedida de um animado "fivesome" cibernético e esquizofrénico entre os membros da Pandilha que passam demasiado tempo em frente a um ecrã de computador.
Ontem foi um presságio de que a Pandilha ia ressuscitar das cinzas.
Hoje, que o amor venceu - a mediocridade afinal tinha só vencido uma batalha e não a guerra -, hoje, tenho esperança.
E vi o nome do Tsunami na capa da minha agenda.

Híbrido

O Pedro é quase perfeito. Deve ter sido geneticamente modificado - é Pedro e, por isso, foi o grande amor da minha vida e é Miguel: portanto, tem asas.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

RIP

SETEMBRO 2004 - FEVEREIRO 2005
OMNIA VINCIT AMOR


A Pandilha viveu intensamente cada dia da sua curta existência acreditando cegamente nisto - que o amor tudo vence. A pandilha morreu, hoje, de tristeza, porque, afinal, não é bem assim. Porque, como vaticinou um dos meus arcanjos na terra, a mediocridade ganha sempre.
Há um leitor (indesejado) deste blog que vai dar pulinhos de alegria quando puser a vista neste post. Não sei porque rejubila o intruso: ganhou a bicicleta, mas o selim é daqueles que dá cabo do rabo.
Hoje estamos de luto. Não pela irmã Lúcia, mas porque a Pandilha morreu. O Governo decretou para hoje um dia de pesar nacional - a secreta portuguesa está mesmo bem informada.
Quanto a ti, arcanjo querido, cá estaremos todos para cuidar essa ferida funda e feia que tens nas asas, ao nosso jeito, com carinho, o melhor que sabemos e podemos - só te queremos ver a voar outra vez.
Os anjos têm tatuagens. E Deus também.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Por amor

Por amor, aceitei o risco do lápis azul neste blog. Mas a minha caixa do Gmail continua a abarrotar

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Lourenço

O Lourenço não se chama Lourenço. Foi rebaptizado a propósito de uma história do Mikel Legurra em Marrocos.
O Lourenço chama-se Miguel (como o Mikel Legurra) e entrou há pouco tempo na minha vida - nove anos, mais coisa menos coisa -, contrariando o ditado popular que diz que "De Espanha nem bom vento, nem bom casamento".
Eu podia conhecer o Miguel Briz desde sempre. Se o Big Brother existisse mesmo, se todos os passos das nossas insignificantes vidas fossem registados - numa primeira fase, em suporte analógico, e, mais recentemente, utilizando a tecnologia digital -, eu juro, tirava licença sem vencimento e passava o tempo que fosse preciso à procura, nos intermináveis arquivos poeirentos, dos momentos em que eu e o Lourenço estivemos a menos de cinco metros um do outro - no perímetro entre a pastelaria Fatucha e o Pingo Doce (na altura em que éramos miúdos era Pão de Açúcar) da Conde Sabugosa.

Não foi assim.
Conheci o Lourenço quando entrei na faculdade e não foi amor à primeira vista (tal e qual com o Mikel Legurra: podíamos ser amigos há sete anos; há sete anos que trabalhamos no mesmo pasquim, todos os dias, mas, para mim, o rapaz era uma besta).
Honestamente -ele sabe-o -, eu achei o Lourenço demasiado pedante, afectadíssimo: sopinha de massa, carro próprio aos 19 anos, conhecia meio planeta e gabava-se disso nos almoços que custavam menos de 200 paus no refeitório da Escola Superior de Educação de Benfica e nos quais a sopa sabia sempre ao mesmo, quer fosse de cenoura, ou de alho francês, ou caldo verde. O Lourenço tinha uma quinta em Palmela, ovelhas, hectares e hectares de plantação de batata (sempre que comerem uma batata da Matutano ela pode ser da quinta do Lourenço), enfim, era um grande beto e eu na altura calçava botas da tropa, não imaginava que, nem uma década depois, teria uma colecção de dezenas de "stilletos" de todas as cores e feitios imagináveis, nunca sonhei ser possível que se amontoassem no meu armário meia dúzia de botas feitas à mão da Kallisté...
O gajedo caiu todo de quatro pelo Lourenço (houve uma, a Sandra Lee Carapinha - um nome inesquecível, tal como uma miúda que fez a quarta classe comigo, a Susana Salada Caldeirão, nunca me esqueci desta, tinha uns grandes olhos verdes pestanudos -, que na festa de recepção ao caloiro, apenas uma semana depois do começo das aulas, lhe declarou o seu amor eterno...). O Lourenço não me despertou qualquer frenesim (fisguei outro Miguel, o Ângelo; a minha mãe reparou que todos os meus amigos se chamam Miguel e todos os meus namorados ou são Pedros, ou são Carlos; é uma espécie de maldição - os namorados, os amigos nem pensar, são os meus arcanjos cá na terra, os Miguéis -, ninguém ousa quebrá-la e agora que penso nisso, o Tsunami não é Carlos nem Pedro, está tudo dito...)
Nem eu nem o Lourenço conseguimos identificar quando é que nos tornámos amigos inseparáveis. Fomos contagiados por uma qualquer doença neurológica que esfumou o momento em que se deu o "clic".
No meu telemóvel, o nome do Lourenço está gravado como "Alma Gémea". Nunca tive uma discussão com o Lourenço. Nunca nos zangámos por uma qualquer idiotisse ou criancisse, nem por uns minutos sequer. Eu não me canso de dizer ao Lourenço que ele é o homem da minha vida e ele também já aceitou que eu sou a mulher da vida dele.
Eu e o Lourenço estamos noivos. Uma coisa liberal, claro, enquanto ele se demora pelas Arábias.
No próximo dia 12 faz dois anos que o Lourenço partiu para o emirado da opulência, deixando-me orfã. Nem um mês depois da sua dolorosa partida - nunca mais vi com bons olhos o aeroporto de Lisboa -, eu estava grávida.
Desde que o Lourenço se foi embora, eu só faço asneiras.

Tenho tantas saudades tuas. Ao teu lado, eu sou uma pessoa melhor. Ao teu lado eu não tenho medo de nada.
É o último ano de espera. Eu acho que vou fazer risquinhos na parede aqui do pasquim, como nos filmes e nas B.D's.

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Morfologia do filme pornográfico (ou especialistas instantâneos em Propp)

O formalista russo Vladimir Propp (1895 - 1970) escreveu, em 1928, a obra "A Morfologia do Conto" - um dos únicos livros que gostei de devorar, durante a minha exposição universitária forçada ao mundo das ciências da comunicação (Barthes, Levi-Strauss - não é o senhor das calças de ganga - e Luhman foram as outras excepções, assim que me lembre de repente).
O senhor Propp, podia-lhe ter dado para pior, mas dedicou-se, durante um período extenso da sua vida, a estudar a estrutura narrativa dos contos de fadas populares russos. E chegou a conclusões extraordinárias, ao analisar os personagens e a acção dos supostos inofensivos contos de fadas.

Propp identificou 31 temas narrativos possíveis e, se bem que é possível que não estejam todos presentes num conto, o formalista russo descobriu que seguem sempre esta ordem:

1. Um mebro da família sai de casa (o herói é apresentado)
2. O herói é proibido de fazer algo ("não vás ali")
3. O herói viola a interdição
4. O vilão entra em acção
5. O vilão informa-se sobre a vítima
6. O vilão tenta enganar a vítima/ tenta apoderar-se dos seus pertences (o vilão tenta ganhar a confiança da vítima)
7. A vítima, levada por alguma decepção, acaba por ajudar o inimigo
8. O vilão magoa (há várias alterantivas aqui: por magia, casamentos forçados, raptos, assassinatos, etc... é infindável) um mebro da família da vítima
9. O infortúnio da vítima chega aos ouvidos do herói
10. Herói decide fazer algo
11. Herói sai de casa
12. Herói é testado, interrogado, atacado pelo agente mágico que o vai auxiliar numa fase mais avançada da acção

(depois há mais uma catrefada de acontecimentos que não me apetece escrever; leiam a obra, ou "googalizem")

26. O problema é resolvido (pelo herói)
27. O mérito do herói é reconhecido
28 O falso herói/ vilão é descoberto
29. O herói reaparece com uma nova aparência (trajes sumptuosos, lindo)
30. O Vilão é punido
31. O herói casa-se e ascende ao trono

Eu não sou uma moça dada à investigação académica. Muito menos na minha área de formação. Teria que me armar em pseudo-intelectual (por acaso, tenho uns óculos que eram meio caminho andado para ser aceite nessa pandilha amorfa; são de massa, pretos, muito largos) e eu gosto mesmo de ser uma rapariga normal.
Ainda ontem, enquanto passava três toneladas de roupa a ferro, disse ao meu irmão, sem-me importar: "Eu já aceitei que não vou ser ninguém na vida. Está bem assim, não faz mal", atirei eu, levando como resposta um resmunguento "não digas isso; não sejas parva!".
Mas, se me desse a louca e em vez de ir aprender a tocar piano (todos os anos é a minha resolução de ano novo falhada), ou a tirar boas fotografias, me enfiasse num mestrado ou doutoramento, a minha tese seria, sem sombra de dúvidas, sobre a morfologia dos filmes pornográficos.
Tornar-me-ia no Propp da pornografia. Seria, sem dúvida, conhecida, alguém na vida. Gostava de ver que orientador é que teria "tomates" para orientar esta tese...
Vejamos, então, a sustentabilidade do meu projecto científico. Apesar de a minha observação do fenómeno não ter sido de todo intensiva (tenho os canais codificados), constatei que, tal como nos contos de fadas, nos filmes pornográficos, as ratas mudam, mas a esporradela é sempre a mesma... (esporra é a palavra mais feia à face da terra... punheta é igualmente má)

(o miguel vai deixar de me falar; vai achar que eu sou tarada)

O personagem feminino do filme pornográfico cumpre sempre à risca determinados requisitos: mamas imensas de silicone, unhas quilométricas, genitais meticulosamente depilados.

O filme pornográfico obedece sempre à mesma estrutura narrativa:

1) Gaja está em casa, sem nada para fazer, semi-despida (mas sempre de saltos altos, nunca é esquecido este pormenor)
2) Personagem masculino entra em cena. Às vezes é canalizador, outras vezes electricista, de vez em quando entrega pizzas...
3) Num ritual de boas vindas, a gaja começa inicia uma sessão de sexo oral.
4) Eventualmente, a gaja tem direito a sexo oral
5) Começa o fornicanço propriamente dito, desafiando o acto as leis da gravidade e a elasticidade humana
6) É neste fregmento da cadeia narrativa que podem surgir novos personagens (ainda que não acrescentem nada à história) - como a amiga de quarto da gaja, o ajudante do canalizador, ajudante de electricista, o trolha, etc. Mas, é mais comum a entrada ser de um personagem feminino, como por exemplo, a "room mate"
7) Gaja 2 entra em cena e dispara às lambidelas aos genitais da amiga e/ou do canalizador.
7) Raramente, quando aparece um outro personagem masculino, estes atingem a proeza de fazerem uma dupla penetração à personagem feminina sem que os seus pénis toquem um no outro.
8) O filme pornográfico acaba sempre com a esporradela na cara/mamas do personagem feminino. Sempre!

Temos ou não temos aqui uma grande tese?

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Editores

[Ainda não foi desta que os "drafts" do meu "dashboard" foram beijados por uma princesa: perdura ainda o encantamento que os condenou a uma vida de clausura. Consta que vai haver uma princesa para os lados do Príncipe Real, na próxima segunda feira. Pode ser que ela me dispense alguns beijos mágicos e transforme os meus "posts" sapinhos em príncipes, para que eles possam viver felizes para todo o sempre na blogosfera]

De qualquer forma, tive a necessidade de suspender por uns minutinhos poucos a produção de uma notícia acerca de uma escandaleira entre a Administração do Porto de Lisboa e o dono do "health club" Barriga Killer, assim que o meu chefe lindo de morrer passou por mim e disse: "Então, princesa? O que se passa?"
Com o meu novo chefe é sempre assim. "Princesa", "darling", "os teus textos estão magníficos", "escreves tão bem", são algumas dos elogios que ele não se farta de usar dia após dia. E não, não é assédio sexual no local de trabalho. E não, o meu chefe não é "roto"! É muito homem - segundo filho a caminho -, apesar das más línguas que correm pelos corredores deste pasquim.
Se eu não tivesse tido a sorte de começar nesta vida guiada pelo melhor editor de Portugal - o Pedro Camacho -, não hesitaria em afirmar que o Tiago Luz Pedro era o melhor chefe que algum dia me podia ter calhado na rifa.
Para não ficar com ciúmes, uma palavra de apreço para o meu segundo chefe, Carlos Rosado de Carvalho, que me trata por "sobrinha Diana" e eu a ele por "tio" - esse grande maluco que nos pôs a trabalhar que nem "pretos" (um dia perguntei-lhe: mas afinal quem é o preto aqui? Tu ou nós?) às quintas-feiras até de madrugada, implementando uma ditadura de entrega de textos para o suplemento de Economia que o tornou deveras impopular entre os seus editandos...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Wake up

Os "posts" inacabados acumulam-se, mancos, tristes com o seu estatuto de "draft". Há "posts" para todos os gostos no meu "dashboard": um sobre a minha filha (duas horas de concentração pariram uma linha), outro mais adiantado sobre a lua-de-mel do Zé Ralha e da Magui, umas linhas amargas sobre desilusões e, até, um "post" sobre pornografia.
Fim-de-semana de "trabalho" pelo meio - trabalho está entre aspas de propósito -, uma folga na segunda-feira e uma constipação que fez estalar o mercúrio do termómetro (por acaso, o termómetro não é de mercúrio, é digital: perdoem-me a mentirinha) e o resultado é o que se vê: a contabilidade literária deste blog caiu drasticamente, para grande tristeza dos seus fervorosos leitores que me têm entupido o gmail e o telemóvel de mensagens de protesto e revolta (devo estar a delirar outra vez com a febre).
Retomemos, por isso, a produção frenética de palavras e de histórias, regressões aos fantasmas de infância - dou por mim muitas vezes a imaginar as três cadeiras do psicólogo do senhor Tsunami enquanto dedilho este teclado... Qual das três eu escolheria?
Retomemos a terapia.