terça-feira, novembro 21, 2006

O retrato

Foi uma pergunta desnecessária, no fundo, o telefonema da véspera, à hora do almoço, a pedir-lhe que levasse consigo a máquina fotográfica digital fez antever o filme todo, tim tim por tim tim. A pergunta deveria ter sido outra, mas as perguntas são como as respostas, as melhores chegam sempre tarde demais.

Deveria ter perguntado porquê eu, porque é que me coube a mim, que não sou nem nunca fui a favorita, a fazer-lhe o retrato, e não para que é queria ele a fotografia. O meu avô Ralha, que nunca me ralhou, vestiu-se a rigor, com o fraque, colocou ao peito todas as condecorações de mérito que o Estado português lhe deu, e concedeu-me 20 disparos, em pouco mais de dois minutos.

“É para os meus netos se lembrarem sempre de mim assim”.

É terrivelmente fotogénico, aliás, como todos os Ralhas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que querido... e, repara bem, que atencioso... para com os que já cá andam e para os que hão-de vir.
Porquê tu? até sei... és das que mais valoriza as raizes e das que consegue promover incriveis reuniões familiares... e.g. a parede de um certo corredor (estreitinho e pequenino, é vero, mas corredor na mesma) que eu cá sei. Antevejo lugar de destaque para esta sessão fotográfica.

Agora... é um pouco aflitivo! sim senhora, ter o senhor Avô a cuidar de certos aspectos... que se calhar perfeririamos esquecer, aliás, - a palavra foi mal escolhida - adiar. Adiar... dia a dia até que seja tarde demais.
Pois, deve ter doído mas, olha, está feito e, de certeza, foi muito bem feito.

(Penso em ti quase todos os Dias. Nem calculas o âmbito geral das minhas saudades por Vós.)

Saúde e muitas vontades (é isso que também nos agarra) para o Senhor Avô