terça-feira, dezembro 26, 2006

Mensagem de Natal

Certamente já o sentiste.
Falo da dor, da dor física que nos apanha, que paralisa todo o lado esquerdo do corpo, o lado onde bate o coração, que sufoca, que comicha até, uma coceira insuportável, miudinha, que nos chega pelo simples facto de estarmos separados por tanta terra e por tanto mar.
Não no Natal, não só no advento, mas é no natal que tudo dói mais, que tudo alegra mais, mas por cada dor, parece-me só há 0,7 alegrias, pelo menos, comigo tem sido assim, e eu começo a acreditar que eu nasci com este nome e que ele diz tudo, resume tudo. É por estes dias últimos do calendário que a pele se eriça ao passear pela cidade iluminada e, depois... depois, tu não estás lá. Escrevem-se coisas parvas, aquela da árvore de natal foi uma idiotice, foi coisa própria do Natal e da dor, da dor de te ver tão poucas vezes, de partires mal ainda chegaste.
Eu fujo de pensar na tua ausência.
Penso que crescemos no momento em que não gostamos mais do natal. É o aviso de recepção, os alarmes soam por todo o lado e há sirenes que ensurdecem a ecoar pelas moléculas de oxigénio; é quando tentamos enfiar à força na mioleira que a Consoada é um dia igual aos outros e que o natal é quando um homem e uma mulher bem entenderem. Posso continuar a dizer que tenho 27 anos (não faço propositadamente; sai), mas cresci. Não gosto mais do Natal, Miguel.
Não penses, meu querido, que o meu coração está vazio e seco. Transborda de amor. Eu nunca imaginei que pudesse voltar a rebentar pelas costuras. Está cheio do teu amor também, há-de sempre estar cheio do teu amor, assim como o da Carolina, o do João e o de tantos outros amigos que eu não tenho espaço para enumerar. É o que me salva. Eu cresci e descobri que a chave mestra, para tudo, é o amor. Por todas as coisas e, sobretudo, pelas mais pequenas.
É essa a mensagem que te deixo este Natal.

[E lamento que haja tanta gente a ler este blogue com um coração seco como um bacalhau]

2 comentários:

Anónimo disse...

Ninguém que lê este blogue pode ter um coração seco como um bacalhau... É impossível!!!

Anónimo disse...

Eu juro que o meu coração não é seco e muito menos como um bacalhau. :)
eu tambem deixei de gostar do natal. é uma pena. quebra-se uma magia. sentimos quase a inocência que ainda nos resta a ir-se por entre os dedos quando já não nos sentimos eufóricos só de imaginar o natal. É, devemos crescer um pouco nessa altura. Ou é isso que nos faz crescer um pouco.
Eu tenho 32 (tambem ando sempre a dize-lo). parece que estou crescida.
que o teu coração se mantenha assim, cheio de amor. porque é o amor que dá sentido a tudo. E agora que o natal já passou desejo-te dias felizes. :))