domingo, dezembro 10, 2006

O plenário

Não.
Enganara-se.
Não eram ainda monstrinhos, pensou o pior, pensa sempre o pior, o que é que se há-de fazer – é que está habituada, ao melhor e ao pior, um a seguir ao outro, ou mais pior do que melhor, é mesmo assim, tem que ser desta forma, ninguém pode ousar pedir o melhor e não estar à espera do reverso dessa moeda de ouro, e o melhor vale mais do que o pior, isso é uma verdade de la palisse, por isso, era quase aritmético, matemático, científico, a sindicalista deslumbrante ainda não tinha conseguido descortinado a equação, mas andava lá perto e para cada um melhor existiam, de acordo com os seus cálculos, 1,71 piores, nada a fazer, é o preço que se paga, é um preço simpático, até, que se paga.
A sindicalista deslumbrante estava deslumbrante de corpete preto de dominatrix no primeiro plenário que convocou e que, atabalhoadamente, com o seu parceiro sindical, dirigiu.
Não eram monstrinhos, ainda não eram, que alívio, a grande maioria não era e ninguém se apercebeu, mais de uma centena de pessoas concentrados como sardinhas enlatadas em 30 metros quadrados, ninguém deu conta de como a sindicalista deslumbrante ficou feliz que, naquele plenário, não se falasse só de trocos, de dinheirinhos, das carteirinhas de cada um. Que se falasse de pessoas, de direito ao emprego. Uma jornalista senior disse à sindicalista deslumbrante que tinha inveja dela. Tonta, a sindicalista deslumbrante pensou que ela falava da sua garra, do sangue que lhe pulsa às golfadas nas guelras, da sua coragem e inconsequência, mas não, a jornalista senior tinha inveja dos corpetes pretos de dominatrix que a sindicalista deslumbrante vestia nos plenários. Mas a sindicalista gostava de ser honesta e disse-lhe:
Há quem ache que eu tenha um grande cú.
Mais ou menos deslumbrante, com mais cinco ou menos cinco centímetros de anca, a sindicalista deslumbrante, com a sua equipa de inexperientes e imaturos jovens sindicalistas, conseguiu que a administração recuasse, e cada um engole como pode e consegue o ter que dar um passo atrás e o presidente do conselho de administração tentou a táctica do eu não disse nada disso, a sindicalista deslumbrante é que é muito exaltada (só lhe fica mal).
Cada um usa os seus trunfos, mostra ou não o seu jogo, aumenta a parada ou retrai-se. Cada um tem os seus objectivos: uns têm a obsessão por uma percentagem, outros são obcecados pelas pessoas. Da sua parte, a sindicalista deslumbrante não queria louros, ou palmadinhas nas costas, não queria também abrir a sua cova, só não queria ouvir um dia destes o presidente da empresa a dizer em plenário: Estávamos à beira do precipício. Hoje, demos um passo em frente.
Alea Jacta est.

4 comentários:

Anónimo disse...

posso desenhar a bd?

Dia disse...

SIMMMMMM!!!!

NUNOSALOURENCO disse...

diana:

apetece-me dar-te um beijo

Dia disse...

Porquê, mori?