sábado, julho 16, 2005

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É o recorde absoluto.
Nunca a (T)ralha almejou tanto sucesso num só dia.
Obrigado, obrigado. A Dia tem que escrever 12 mil caracteres para Domingo, mas ainda sai um postezinho de agradecimento.

Esta última frase era para ler em voz alta, recordando a entoação que a nossa querida Amália dava às suas frases.

Eu conheci a Amália. Pouco antes de ela bater a soleta. Na vernissage de uma exposição do Zé Ralha, no Páteo Bagatela, há alguns anos atrás.

O pintor estava a pedir 600 contos pelos seus rabiscos nessa exposição, era uma coisa à grande, e como estava a achar que era outra vez um grande artista -

teve direito a catálogo, nota bibliográfica e palavras simpáticas de uma mulher muito bonita, cujo nome condiz com a sua pose elegante, Diva, chamaram-lhe os pais, que deviam ser meios bruxo -,

sentiu-se grande e poderoso, quase tanto quando fez a capa da Antologia de Poesia do Fernando Pessoa, coordenada pelo António Quadros, e então, foi nessa noite que trocou a minha querida madrasta pela outra que faz bicos. Mas a tadinha da Amália não teve nada a ver com isso.

O Zé Ralha apresentou-nos, eu disse à senhora que gostava muito do fado "Cansaço", mas ela estava surda, não percebeu, ao invés estendeu o braço, tapado com um véu de franjinhas, e com as suas mãos muito sardentas, com unhas pintadas de encarnado, agarrou-me a mão e, no mesmo tom que dizia "obrigado, obrigado", repetiu:

"Diana, o teu pai é uma pessoa muito pura, Diana. E o teu avô, Diana, o teu avô é uma pessoa muito pura"

E continuou nisto durante minutos e minutos, a apertar-me a mão, eu à rasca, queria que ela me largasse, e enquanto dizia "é uma pessoa muito pura, Diana, Diana" a dentadura dela ganhava vida própria e mordiscava os seus lábios, que tal como nos habitou na sua fase de decadência, estavam esborratados de um tom alaranjado.

Soube depois, que a senhora dona Amália, que era cliente da farmácia da Rua de São Bento do meu bisavô Correia (um que tinha vergonha de ser Ralha, usava Correia), emborcou todo o whiskey que havia na vernissage. Daí esta insistência na "pureza" do Zé Ralha.

Ao despedir-se, agarrou-me novamente na mão e lá debitou: "uma pessoa muito pura, o teu pai, Diana, Diana".

Isto é mais giro quando eu faço a imitação ao vivo... Só visto mesmo.

De qualquer forma, "obrigada, obrigada".

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