segunda-feira, setembro 04, 2006

Draft

Agora, já não tenho medo de o escrever, sabendo, decerto, que a caixa de comentários se vai encher de leitores preocupados, solidários e voluntariosos, capazes de largarem tudo o que estão a fazer neste momento, para, das duas uma: pegarem no telemóvel e saberem qual é o dramalhão desta vez, ou, escreverem alguma coisa simpática, como, descansa, não vinques mais a ruga a meio das sobrancelhas, tudo se vai resolver. [Eu só escrevo isto, desta vez, porque li um comentário febril da Lyra, no Trafuncas, a contar que o seu post "Sou profundamente só" foi o que mais comentários teve na sua existência bloguística, apesar de ninguém er percebido de que solidão falava ela]
E tendo a certeza que sim, que tudo tem conserto na vida, que este assunto, este indivíduo (quando eu lhe chamo indivíduo é porque a coisa está má) já me roubou mais vida do que aquela que ele merecia algum dia viver, digam o que disserem, e venham todos os milagres que me fazem, por vezes, crer que não, neste momento, como em tantos outros em que este post ficou em draft, porque eu não gosto ou quero que sintam pena de mim, porque eu luto contra a minha biploaridade com uma força que não sei onde vou buscar, eu não sei se gosto de viver.

4 comentários:

Anónimo disse...

acho que das primeiras coisas que te disse, num mail, quando ainda só te lia aqui em silêncio, foi qualquer coisa como "só um desassossegado reconhece outro."
e a palavra desassossego tem um outro significado quando vive dentro de nós. Todos os dias. E há dias em que nem o litio nos salva e não queremos que tenham pena de nós (porque não somos coitadinhos), há dias em que simplesmente não queremos nada. Só começar a ter algumas certezas em relação a nós mesmos. A certeza de querer estar vivo, a certeza de que gostamos de nós...As coisas tem uma outra dimensão. Maior, mais brutal. Por outro lado amamos a vida, a arte, as plantas, os bichos, amamos de uma forma exagerada como somos muitas vezes na escrita. E é isso que vai prendendo as pessoas a nós. E é isso que vai afastando (ou seremos nós que afastamos?) algumas pessoas. Essa força interior que reconheci na tua escrita, tal como o desassossego que reconheci mal li algumas linhas. Não tenhas medo de escrever seja o que for. Quem te ama continuara a faze-lo. Vai haver quem entenda e quem nem tente fazê-lo. Mas com esses nem vale a pena ganhar cabelos brancos. Não vou escrever o tal "descansa, não vinques mais a ruga a meio das sobrancelhas" porque tenho dias em que esse meu vinco está mais marcado do que em outros, mais profundo e nesses dias as coisas são dificeis. Eu sou mais dificil, eu sou o longe.
Digo apenas que as palavras, as tais que ás vezes matam, as tais com que não me dou porque sou usada por elas mais do que as uso, as palavras que ás vezes são como beijos, tiradas assim de dentro aliviam a alma.
E agora fica aqui com a palavra abraço.

(vês? era suposto dar-te palavras de conforto e andei á volta do meu umbigo. E parece, fiz mais um comentário febril.Dias de vinco profundo são assim.)

Isa disse...

gostas, gostas! bjs

CDS: Quem é o gajo? :-D

Anónimo disse...

uma miuda tão gira e sózinha!não acredito!

Anónimo disse...

Não te lembres de brincar às Sylvias Plaths... Afasta a Carolina disso!