quinta-feira, outubro 27, 2005

Suculências

Acordo às sete e meia da manhã, é de noite, estou constipada, tenho que escrever a Carmonisse para a Pública, a merda da Netcabo está em coma, o que é que eu vou fazer se tenho tudo o que preciso para o texto no Gmail? Calma, liga para a Netcabo, ui, devido ao elevado número de chamadas não nos é possível atender neste momento. Não sou só eu, vá lá, mas com o mal dos outros posso eu bem. Tosse cavernosa, nariz entupido, vai lá beber um copito de leite, para enfiar o primeiro cigarro do dia (gracias JPH, os cigarros são aqueles que tu me deixaste na redacção, que me salvaram a tarde de stress que alguém que gosta de fechar muito cedo me causou). Abro a janela, estou de camisola e cuecas, abro a janela, está frio, as minhas floreiras estão lindas, tudo brota nesta casa (gosto tanto de ti, casa), abro a janela, estou arrepiada, com pele de galinha, as luzes do prédio em frente estão todas acesas, toda a gente normal acorda a estas horas, para mim é um suplício, é mesmo porque ontem não consegui escrever nada, porque estava tão cansada que adormeci no banho, à uma e picos da manhã, abro a janela, às escuras, e vejo a velhota da janela em frente de bata na cozinha, na janela ao lado, o vulto do filho motard, no andar de baixo, o velhote de ceroulas estende um paninho da loiça na corda, a cidade está a acordar, o cigarro está no fim, pode ser que a Netcabo já tenha despertado também.
Já estava a pé. Liga o Firefox, vai ao Gmail, duas mensagens tardias da Cordeirinha. Não sei quem ela é. Não sei como fui parar ao blog dela. Mas sou viciada nas suas íntimas suculências. Só não as pus aqui ao lado, nas "Tralhas" que eu leio, porque a queria resguardar, porque acho que ela tem um blog como o meu, demasiado íntimo, que, por isso, deve ter uma audiência controlada (as minhas audiências já saíram fora do controlo há algum tempo, todos os dias fico de boca aberta a ver as estatísticas e faço uma ginástica puxada à minha imaginação para arranjar rostos para todos os Ip's que me visitam - Ford Motors, tu és um gajo ou uma gaja?).
A Mary escreveu há poucas horas um post lindo aqui para esta amiga neurótica. Estou babadíssima de ser a sua musa e em transe por teres parado por cá pelo post do Fernando Pessoa e da "Canção" do Variações - é que eu sempre achei que ia encantá-lo com essa e foi mesmo assim, há coisa de umas horas atrás. Escrever não é o que eu faço melhor. E ele soube disso ontem, com o poema do heterónimo do Pessoa.

4 comentários:

Mary Lamb disse...

E não é que a gaja tinha razão? Não há coincidências... Tudo se liga, por uma razão ou por outra. E a tua felicidade vê-se tão bem, que até compensa acordar com duas horas de atraso, e a cabeça a estalar! Bebe essa felicidade toda agora! Tudo! Não deixes de fazer nada. E continua feliz, que só por isso me sinto um pouco mais feliz.

Anónimo disse...

É bom ser um IP! Mas gosto de ler este blog. Muito pessoal, mas ainda pouco íntimo.

Anónimo disse...

Carpe Diem

Ford para os amigos...

fernando lucas disse...

há coisas tuas que não necessita de comentar, basta ler. e bem sabes com esse programa de voyeurismo acabas por saber quem entrou e saiu do teu blog.