quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Come on baby light my fire

Caros, são seis da manhã, acordei com a luz fluorescente dos meus vizinhos ucranianos, do outro lado da rua, ou isso, ou foi uma vontade louca de beber água; na realidade, não foi uma nem outra, porque os ucranianos levantam-se todos os dias às seis da manhã e nunca me incomodam com o raio da luz, eu não tenho cortinas, eu vou mandar retirar os estores, e quando estou ferrada (e estava, de tal forma que nem ouvi uns sms que foram chegando pela madrugada fora) também pouco importa a sede, aguento-me até de manhã. Quem me acordou foi o anjo da guarda, ou o São Valentim, lamento, recuo, foi o anjo da guarda, cá para mim o Valentim ficou ressabiado com esta história dos desengatados (a expressão é do André, no post alucinado em baixo, escrito a 18 mãos, e é muito boa), bebi a água e o anjo mandou-me ir ver se a Carolina estaria destapada, e nisto tenho que passar obrigatoriamente pela sala, e a sala estava a começar a arder em lume brando. A vela, uma das vermelhas, das que se compram nos chineses e se levam para pagar promessas em Fátima, a única das velas do jantar dos encalhados que ficou acesa, não de propósito, mas porque não reparei, não fui eu quem a pôs ali, a vela derreteu e pegou fogo à estrutura de madeira pombalina, agora estou a tentar minimizar, a dizer para mim própria que aquilo nunca iria arder, que se apagava por si só, mas é um facto que já estava a arder, mas como acordei, como fui beber água, como fui tapar a Carolina, como tenho o cú virado para a lua como diz a Magui, bastou soprar, como uma vela de um bolo de anos, e o incêndio não chegou a ser, tenho o verniz das unhas todo lascado, estou a aproveitar para o roer com os dentes, apenas para descomprimir, para a próxima, a fada do lar não faz a manicure imediatamente antes de preparar um jantar para dez pessoas, e amanhã deito fora todas as velas que há cá em casa, as velas são para os românticos e eu ando cada vez menos romântica, meto tudo num saco e lixo, e quanto às velas das igrejas, as que me queriam bem tostadinha, amanhã levo-as comigo, à hora do almoço vou à igreja do Chiado, acendo-as e agradeço ao anjo, e aproveito já que lá estou e vou pedir, também, à Santa Teresinha, ou ao São Judas Tadeu, ou aos dois, para ninguém ter ciúmes, peço apenas que os Pestanas passem a frequentar a minha casa com maior regularidade, e só espero que as velas desta prece não provoquem um segundo incêndio naquela zona da cidade.

Vou dormir. Ou melhor, vou ver o dia nascer. Contaram-me outro dia uma história de amantes que ficavam a ver a noite até ser de dia e eu gostei, vou pensar nisso não tarda, quando o sol me bater à janela

5 comentários:

[ t ] disse...

fuck amore!!! (...)

MPR disse...

E viva os anjinhos da guarda. É como as bruxas. Eu não acredito neles mas lá que existem... existem...

Isa disse...

pois eu acredito. acredito em Deus, numa entidade superior qualquer que nos guia e n nos deixa fazer mta merda. acredito que as coisas acontecem qdo têm de acontecer. sim, claro, temos vontades próprias, desejos, fazêmos tudo e mais alguma coisa para que as coisas aconteçam mas qdo n tem de acontecer, n acontecem por mais que esperneêmos.

a tua casa simplesmente n tinha de arder.

bjs

Mary Lamb disse...

Sempre em grande! Beijos

Anónimo disse...

É assim mesmo, quando têm de acontecer acontecem, não há nada a fazer. Já me aconteceu uma coisa parecida e só não morri porque não tinha de ser. Depois conto-te
Jokas do Castelo