quarta-feira, dezembro 28, 2005

E os Pestana nem vê-los

Não pode ser todas as noites, claro que não, só quando estou na casa de um recém-amigo que desenha anjos negros como ninguém, é que me dá para desmaiar de cansaço.
Hoje que precisava de dormir, claro, nem vê-los, nem um parente afastado me bate à porta, nem sequer se digna a mandar um toque para o telemóvel, eu ligava-lhe para ele não gastar dinheiro, mas nada, e eu vou só escrever este mini-post porque isto é pior que um vício e é um vício que puxa outros vícios que me enegrecem os pulmões e me destroem a linda voz que a Magui me deu, amanhã, os senhores simpáticos da EPAL, que evitaram que eu tivesse um chelique (é assim que se escreve? sabes, Isa, eu também não tenho dicionário de português no Ibook voador, diz-me uma coisa: o teu também é de doze polegadas?) nos primeiros dias de 2006, ao abrir um envelope com uma nota de débito de 3500 euros, vêem bater cá a casa às oito da matina para confirmar a leitura do contador, não vá eu ter enviado o da electricidade desta vez, e a propósito de electricidade, e outra vez sem pontos finais, esses, também ninguém os vê por estas bandas, pregam noutras freguesias, na quinta-feira à tarde, os senhores simpáticos da EDP virão cá dar à luz e eu vou fechar todas as portas de casa, vou deixar apenas a cozinha à mostra, e vou dar uma de cenógrafa, eu sou muito boa em qualquer coisa em que me meta, uma vez, há quase 15 anos, um pica apanhou-me na estação de Roma sem bilhete de metro e eu dissuadi-o de me passar uma multa de seis contos (na altura, éramos pobres, miseráveis, um dia escrevo um post que vos fará rir à gargalhada sobre a pasta de dentes da TWA que esprememos até ao limite do impossível e das mil e uma maneiras de cozinhar pescada que a Magui inventou, mas eu não comia a pescada, deixei de comer, não tínhamos dinheiro para isso), porque o fiz acreditar que era vítima de violência doméstica pela mão pesada do meu pai e ele caiu, e eu até chorar chorei e depois senti-me mal porque o Zé Ralha é um pobre Diabo que eu via, na época, uma vez por ano, e então, na quinta, vou tirar o fusível que me dá electricidade há 14 meses, vou pôr muitos caixotes no chão de xadrês encarnado e amarelo para fingir que me acabei de mudar para Santa Marta, se calhar, eles vão achar estranho eu ter os candeeiros montados na cozinha bordel, mas eu não vou descurar nenhum detalhe a não ser esse (não cabe na cabeça de ninguém desmontar os candeeiros, até porque eu não os sei montar outra vez), ninguém vai desconfiar que eu vivo e consumo ilegalmente energia eléctrica neste quarto andar há mais de um ano, até porque eu vou pôr um decote até ao umbigo, vou pintar-me e alongar as pestanas até ao limite do impossível, para melhor fazer olhos de Bambi, terei um metro e setenta e três com os saltos de dez centímetros e o simpático senhor nem terá hipótese de reparar nos candeeiros da cozinha.
(uff, recuperar o fôlego)
E agora vou acabar o meu livrinho. E ouvir o "Bom dia tristeza" do Vinicius de Moraes, musicada pelo Adoniran Barbosa.

7 comentários:

Isa disse...

n. o meu é maior. atrofia-me escrever nos pequeninos. o ecrã é do tamanho de um pc portátil normal. tb é voador o meu iBook. foi isso que me despertou a atenção no teu blog... ;-) Beijos e dorme...

Mary Mary disse...

Já te posso imaginar com o decote, toda pintada e com os saltos de 10cm... Assim que li comecei-me a rir... Só mesmo tu!! Tu não existes... :)

Dia disse...

Há leitores matinais, que dão oito seguidas às dez da manhã (não pode ser todas as manhãs porque a idade já pesa; hoje foram só três, mas está bem assim, muito bem assim, foi a conta que Deus fez), mas eu adoro as minhas leitoras nocturnas. Um beijo para a Cordeira, para a Isa e para a Mary querida.
E um olá para o Ford Motors, que voltou a cavar o meu quintal, e que é o primeiro leitor da manhã.

Anónimo disse...

Aí está uma das músicas com as quais ainda não consegui fazer as pazes. Na verdade é um CD inteiro que está a ganhar pó ali na prateleira. Talvez em 2038 ganhe coragem ou talvez seja mais cedo, também nunca pensei que tivesse coragem para apagar os mails e os números de telemóvel e fiz isso tudo num abrir e fechar de olhos, e garanto-te que não custa nada. O meu coração parou por segundos, o ar deixou de entrar nos pulmões, mas foi coisa passageira e agora estou mais leve, o peso pluma de sempre. Mas agora há um post cá dentro, bem juntinho ao coração, que teima em querer sair, porque sim, porque há dias mais importantes que outros, mesmo que o ‘defunto’ não mereça nem um vírgula, quanto mais um post inteiro. Merece mesmo um ponto final, mas esse já está escrito há muito tempo. O que vale é que fiz greve à escrita, e como sou mulher de palavra não escrevo nem uma linha enquanto a rinite não me deixar em paz.

Anónimo disse...

PS: desculpa vir para aqui alugar a tua caixa de comments, se calhar é mesmo melhor escrever qualquer coisa lá do outor lado... hehehhe

[ t ] disse...

é preciso ajuda para colocar os caixotes? :p

Dia disse...

É preciso ajuda é para tirar o fusível que me dá luz há 14 meses...
E agora tenho que ir, porque o meu melhor amigo me convidou para jantar no pap'acorda.

PS - o que é que o menino das oito às dez da manhã andou a escarafunchar tanto nos arquivos?