sexta-feira, abril 07, 2006

Insomnia

miguel says: (1:37:51 AM)
sou tróia. enfiei-me no cavalo.isso é que ninguém espera

miguel says: (1:38:07 AM)
(podes começar o próximo post assim)

miguel says: (1:39:05 AM)
vá....

miguel says: (1:39:08 AM)
desafio-te

miguel says: (1:39:13 AM)
começa um post assim

miguel says: (1:39:18 AM)
ahora chica

I'm jealous of the rain says: (1:39:20 AM)
começo sim

Eu sou a Tróia da Torralta, das torres abandonadas, betão a rasgar o céu azul da Península, colónias de morcegos em quatro paredes sem janela e sem telhado, sou a glória adiada a implorar a implosão, detonada na tenda vip pelos engenheiros, em directo para os quatro canais.
Desta é que tu não estavas à espera.
Mil mãos trabalhassem hoje numa linha de montagem. Dois milhões quatrocentas e trinta e nove porcas tivesse eu torcido o rabo com uma chave inglesa, muito bêbeda e da cor da lagosta. Hoje nada poderá fazer sentido.
Hoje vi um carro estacionado em cima de um gato. Não é metáfora. Estava à janela a fumar Davidoffs brancos, brancos hábitos que a Teresa me passou para os pulmões, e vi o pneu de uma VW Sharan por cima do bichano e o rabo espetado do animal em rigor mortis. E o miolo não admitiu sequer que fosse ilusão de óptica, viu, imediatamente, que era um gato espalmado de rabo de fora. Apesar das dioptrias, apesar de a estagiária engraçada do Internacional garantir que era apenas um pedaço de plástico.
Isto não está bem.
Hoje fiz o download da Bíblia para o Ibook e no Ibook vivem formigas pretas - só dessa maneira eu compreendo que ande sempre uma a passear junto à tecla F8 (ou será sempre a mesma? Eu não mato animais, só os mato, aliás, extermino, goradas todas as vias diplomáticas).
Li o livro de Jó de uma ponta à outra. Usei uma passagem numa caixa de comentários de uma amiga esquizo, que tem um blogue numa cidade aqui perto onde não há sexo.
Procuro amor na caixa dos comentários, não o acho, esta caixa não é abençoada pelo Santo António, é apadrinhada por um santo qualquer, esquecido nas biografias que consulto com uma avidez semelhante à do interesse mórbido de mulheres com rolos na cabeça procuram nas revistas cor-de-rosa, largadas em salões de cabeleireiro, as novidades das caras conhecidas da televisão.
Esta caixa de comentários é como o teu cavalo, sai de lá o inesperado, o insólito. Mil cabeças trabalhassem 80 horas por semana em tempestade cerebral contínua, violando o Código do Trabalho, mil poetas dourassem a pílula em estrofes escritas em guardanapos de papel, nunca inventariam nada semelhante, a imaginação não chegava aos calcanhares daquilo (calcanhares daquilo é bom) que me traz a caixa de comentários, do que me traz a rua Viriato e as suas imediações (gato morto por carro estacionado; repito, gato espalmado por roda de VW Sharan).
Há coisas boas. O 33.333, com quem comecei o novo blogue (publicidade é bom, eu estudei para isto durante quatro anos num edifício louco e bonito colado à Segunda Circular, e este não blogue não é secreto, pode ser linkado pela blogalhada toda, venha a publicidade, quero prime time e páginas ímpares), que na realidade é um blook (apendi esta hoje no site da BBC), que mudou de nome à última da hora (e não nos alonguemos mais em nomes, porque senão eu volto a citar Romeu e Julieta e os Montéquios e Capuletos).
Saiu de lá o 50.000, duplo leitor, que espia os meus dois mundos literários - o a sério (este) e o que me paga o salário, e que é impresso em papel de má qualidade e está à venda por não sei quantos cêntimos, todas as manhãs, nas bancas e quiosques de cima a baixo deste rectângulo pequeno do cú da Europa -, o 50.000, a quem me dirijo respeitosamente na terceira pessoa do singular, que detecta os links que eu faço daqui para o jornal e do jornal para aqui (coisas que eu nunca imaginei que alguém se apercebesse, que alguém se desse ao trabalho)
E depois saíste de lá tu, vestido de coelhinho, subvertes-me as palavras, brincas com elas, deixa-las zonzas de tanto andar à roda, ficam disléxicas, escondes mensagens em garrafas que vêm dar ao Tralha.
Este dia não lembra ao menino Jesus nas palhinhas deitado.
Eu pedi-te a tua mioleira num frasquinho de formol e tu aceitaste entregá-la ao domicílio no ano de 2012.

3 comentários:

Dia disse...

Mais uma vez, num exercício esquizofrénico e narcisista, escrevo na minha própria caixa de comentários para dizer que daqui também fizeram "pop" as amigas insperáveis Esquizo e ExBT.
E o amor que eu não me canso de escrever.
Dito. Vou para a cama. Lá em baixo andam os homens do lixo a fazer raves.

Anónimo disse...

off mfoelhfo tfirofu off gfácicfo dffa tfarcolfa. sfoberbfo!!

Anónimo disse...

Viste como o Sol foi amigo e não faltou à chamada. Eu disse-te que o tinha encomendado para ti