quinta-feira, janeiro 12, 2006

Mau sexo < Nenhum sexo

O Leonardo avisou-me logo ao final da manhã, eu vim buscar o telemóvel, lindo serviço, vai para o coração de Chelas sem meios de sobrevivência, e agora como é que chamas o Táxi? Procura um multibanco, procura uma cabine, procura o metro, procura um café, procura tudo isso e só encontrei o café e vim a casa buscar o telemóvel, depois de pagar 75 cêntimos por um impulso numa tasca onde a dona, muito loira, dizia à filha, muito morena: se te apanho no namorico depois das aulas levas uma tareia que nem te alevantas, assim mesmo, como acabaram de ler, alevantas, vim a casa e aproveitei, lavei o resto dos copos que jazem na bancada de mármore desde o fim de ano - o que é que isso diz de mim? ter seis copos por lavar há onze dias? que sou um péssimo partido? uma execrável fada do lar? -, não cheguei a lavá-los a todos porque, mais uma vez, fiquei sem gás, e desta vez até comprei a botija, carreguei-a às costas, como um estivador, 60 degraus a pique, mas o esquentador tem humores, maus humores, demora meia hora a acender, e eu a adiar o inadiável, amanhã de manhã, já sei, acordo meia hora mais cedo, fico de olhos fechados com o polegar a carregar fundo no botão, ainda a dormir troco de mão, troco de dedo, amanhã vai ser assim, mas ontem, aproveitei ter vindo buscar o telemóvel e porque não há que ter medo de o dizer: sou pobre, não compro sapatos desde Outubro, acabaram-se esses tempos, não há dinheiro não há vícios, só o tabaco, mas, qualquer dia, nem esse, vim buscar o telefone, tentei lavar os copos, deitei o lixo fora, e sim, almoçei em casa, aqueci um minuto, no microondas, um hamburguer com queijo do Lidl, e o Leonardo tinha-me dado a notícia: carta registada da minha vizinha divisão de trânsito da PSP. Mas eu esqueci-me, depois lembrei-me, ia já a sair de casa da Magui quando me lembrei da carta registada, abre a carta, vê a multa, eu sei que é populismo, eu sei que é demagogia, mas o PR só dá indultos a assassinos, perdoar multas de estacionamento, está quieto, por isso, amanhã, são trinta euros, dona Ralha, por ter estacionado com uma roda em cima de uma lista da zebra da passadeira na Tomás Ribeiro, e, por isso, hoje não ligo o aquecimento, não sei onde vou arranjar dinheiro para pagar as contas, poderei pedir o subsídio de férias para Fevereiro? Por isso, estou de cachecol e sobretudo de fazenda a escrever, com as mãos e o nariz gelado, por isso, queria expor a minha teoria, que tenho vindo a aplicar há largos meses, sou a inventora e a cobaia, queria fazer um post com bolinha encarnada no canto superior direito, queria falar de sexo, porque, nada a fazer, eu criei um blogue que é suposto ser secreto, mas não há forma de me lembrar do user name e password, não anotei e varreu-se-me para debaixo do tapete da memória, queria escrever um post para eriçar a pele, não sei se tinha jeito, se ficasse como um romance Arlequim não publicava, já me basta ter publicado um post cheio de gralhas, com verbos que chegaram atrasados, que faltaram ao encontro e ainda estou traumatizada de ter publicado um post de merda.
Não sei se consigo escrever sobre sexo. Ou melhor, sobre a falta dele. Ou ainda, sobre a premissa mau sexo é pior que nenhum sexo. Tenho a cabeça cheia de equações, de outro tipo de equações, ligadas a como esticar mil euros e conseguir ser feliz.

Deixo-vos excerto de conversa com uma mulher que me instiga pensamentos lilases:

Retrato a branco e preto diz:
sabes q eu tenho saudades disso, q me toquem
Retrato a branco e preto diz:
raios
Retrato a branco e preto diz:
q merda esta
Retrato a branco e preto diz:
tou carente

Não consigo escrever sobre sexo. Se calhar, amanhã, com o Your Ghost em repeat one.

19 comentários:

Anónimo disse...

Querida não penses que só a ti acontecem estes precalços da vida. Eu também passo todos os meses a fazer contas, mas o dito cujo não estica.
Palavra que gostava de te ver com a garrafa de gás às costas pelas escadas acima. Tarefa hérculua, eu não seria capaz. Mas quando é preciso o que se pode fazer?? É a falta de mão masculina. às vezes dá jeito.
Um beijão
Anabela do Castelo

Mary Mary disse...

Escreve aquilo que te der na telha! Coisas boas ou más, sem nexo ou simplesmente lamechas. Não interessa!!! Escreve tudo aquilo que quiseres, nem que seja tipo Arlequin...

Dorme bem e espero que sem frio... :)

Anónimo disse...

os pensamentos lilases são maravilhosos. um bom dia lilás! é uma das nossas cores :)

e um beijo sabes bem onde (risos)

thê

MPR disse...

Parece que o mal é comum a todos... No meu blog não escrevo que há malta do emprego que lê, mas desde que descobri que o badameco do meu chefe foi aumentado para 25 mil euros mensais e recebeu um prémio de 150 mil euros o ano passado... fico doente...
Na verdade estava-me bem borrifando, desde que eu não estivesse a ser chupadinho até ao tutano...

Anónimo disse...

Tão bonita e tão só? Que Deus a ajude - perdoe-me o sacrilégio, mas é sentido.

Anónimo disse...

Tão bonita e tão só? Que Deus a ajude - perdoe-me o sacrilégio, mas é sentido.

Dia disse...

Eu ando a "garciar" durante o dia e ainda nem dei as boas vindas à Anabela, que só agora teve coragem de me bater à porta e tomar um cházinho. Hoje não há Garcia, hoje tenho só que escrever um texto analitico-opinativo para a edição de Domingo, hoje vou escrever à tarde, tenho muitas saudades de escrever à tarde.
Beijos às minhas mulheres e ao homem que diz sortilégios que muito me agradam.

Carrie disse...

Diz-me que precisas que alguém te ofereça uma máquina de lavar, assim, ao menos os copos ficam longe da vista e longe do coração. E já não pensas nos teus dotes de fada do lar e podes escrever sobre sexo...

Anónimo disse...

Espero ser o homem do sortilégio. É a palavra mais bonita que conheço. Se não, espero que seja sortilégio para a menina Dia nesta sexta e nos outros dias.

Dia disse...

Senhor do sortilégio, diga-me, é o senhor que não gosta do meu vernáculo, não é?
É uma bela palavra, concordo, e dentro de momentos, vai sair uma posta bem passada, grelhada na brasa.

Anónimo disse...

Sou, sem ser senhor - mas brindou-me duas vezes com a expressão tão solene e espirituosa e amaciou a minha. Não gosto de a ver em vernáculo, apenas isso. Fica mais bonita ainda no diálogo. Na escrita parece sempre só e tardia.

Dia disse...

Já me ouviu falar, menino do sortilégio? Deve estar passado com o post acima, cheio de asneiredo. Perdoe, sim?
Explique lá isso do tardio (o do só eu posso dar doutoramentos...)

Deus Existe disse...

Eu gosto de sexo. Há mal?

Anónimo disse...

Lamento o equívoco. Que aspereza inesperada.

Dia disse...

Não é aspereza, é desânimo. Mais nada. Um beijo para si.

Anónimo disse...

Onde lhe trouxe desânimo? - desculpe. Obrigado pelo beijo.

Dia disse...

Não foi você (não gosto de tratar ninguém por você, arranje-me um nome, um nick qualquer disparatado). Estou desanimada. Dias normais, não reajo bem a dias normais, são mais tristes que os tristes, os dias em que sofro por algo ou por alguém. Não há nada pior do que não desejar nada. Os dias são todos iguais. Vá, tem meia hora para mudar a minha vida.

Anónimo disse...

Quanto tempo tem essa meia-hora? - bem sei, foi expressão retórica, mas bem achada. Que sei eu dessa hipótese de quem mal sabe quem sou? Ou por isso mesmo foi tão fácil o achado. Ou sabe?

Dia disse...

Arranje-me um nome, por favor. Eu não posso continuar a namorar na janela dos comentários, nesta janela escondida que, dificilmente, alguém abrirá, sem um nome.
A ampulheta está a contar ainda. Não faço ideia quem seja. Sei de onde se liga, não sei se é aluno, professor, ou auxiliar. Sei que usa o Firefox e que o seu IP é do meu patrão. É tudo o que sei.
Mais um beijo.