quarta-feira, janeiro 18, 2006

Ode à Ana

A Ana foi-se embora, não sei porque me faz falta, nunca fomos amigas, nunca trocámos mais do que cinco minutos seguidos de banalidades: a Ana dizia, no fumódromo do piso de cima, onde eu antigamente me deslocava amiúde para fumar cigarros com o senhor que se assemelha demasiado à imagem que faço de Deus, que o meu cabelo estava muito bonito, e eu retribuía como podia, gabando-lhe as botas de estilo militar, cobiçando-as mesmo, e eu devo ter sido das últimas a saber que a Ana se ia embora e, na altura, a única coisa que me ocorreu dizer foi que ia em grande estilo, com um corte de cabelo excepcional. Um dia, soube que a Ana lia a tralha, nesse mesmo dia, o desbroncado do inominável mais citado deste blogue, revelou-me que muita gente "importante" lê o meu quintal e eu levantei a sobrancelha direita e tive medo de voltar a escrever. Noutro dia, estávamos os três na varanda aqui do meu lado direito, com vista para os plátanos agora nús da Viriato, e a Ana disse, a despropósito, tu escreves muito bem. É de uma liberdade... E eu fugi, envergonhada, sem saber como gerir esse elogio.
A Ana foi-se embora e eu não sei porquê sinto muito a sua falta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou completaamente de acordo contigo. Também tenho saudades da Anocas. Ai que já levantei o meu véu...

Anabela do Castelo

Dia disse...

Eu já a tinha apanhado, Anabela!
A partir do momento em que me falou do blogue da querida Mary Mary. Foi só juntar dois mais dois. Mais uma vez, muito benvinda!

Anónimo disse...

É raro ir ao jornal. Acho depois dela ter partido ainda lá não voltei. Vai-me fazer falta. Gostava de passar pelo corredor e sorrir para ela. Aqueles breves instantes em que falávamos na mais simples coisa.