segunda-feira, janeiro 23, 2006

Tenho um homem na minha cama.

Tenho um homem na minha cama. Não sei o que lhe fazer. Mas é decorativo. Muito.

Acordei com um homem na minha cama. É uma estreia em Santa Marta.
Fechei a porta para ele dormir, para dormir o sono dos justos até às tantas, mas ainda não estou em mim, vou lá espreitar de quinze em quinze minutos e, efectivamente, é muito decorativo, tapado até ao nariz com os lençóis bordados pela minha progenitora há mais de quarenta anos (e não é graças à minha progenitora que eu tenho um homem na minha cama, se não fosse a minha adolescente esquizofrénica, babysitter cinderela, que aceitou à meia noite velar pelo sono da minha filha, eu não teria um homem na minha cama).
Tenho um homem na minha cama, raios, como é que isto me foi acontecer?
E o carro dele estacionado no passeio, em frente ao boteco da dona Beatriz, e eu sem nada em casa, sem um papo seco para lhe dar pequeno almoço, e há doze horas atrás, eu disse-lhe "vai lá tomar o pequeno almoço a casa", mas disse aquilo da boca para fora, estava longe de imaginar que iria ter um homem na minha cama, tenho leite e ice tea no frigorífico, e há meia dúzia de horas, ele: então quando é que nos comemos, caralho? E ele diz mais caralhos que eu, e isso é, também, uma estreia, eu acho que só tenho um homem na minha cama porque ele diz mais caralhos que eu.
E eu de camisa de pijama, com uma pele linda uma noite de ressaca eleitoral, ai porra, adoro o Cavaco, ai que adoro mesmo, e veste o sobretudo castanho, aperta-o até ao pescoço, desce à dona Beatriz e diz: querida, se o carro a estiver a estorvar, bata-me à porta, é do.... e vacilei e depois achei que a dona Beatriz não precisava de ficar baralhada.... é do meu namorado. Dona Beatriz, salve-me: dê-me fiambre, dê-me manteiga, dê-me uns pacotinhos de chá, e leite com chocolate também, já cá venho pagar-lhe, olhe dê-me um maço de Camel, que ele fuma Camel.
Tenho um homem na minha cama, fui lá espreitar, ainda tenho um homem na minha cama, não é liberdade poética, não é do LSD genético, está lá, não fugiu.
E já lavei a loiça, e já pus a máquina a lavar a roupa, e estou a ver o canal Panda, o urso Franklyn, mas continuo sem saber o que fazer. Mas é muito decorativo.

7 comentários:

Anónimo disse...

E esse homem vai ser o seu presidente? - sinto-me Garcia.

FTA disse...

Ah valente!!! Parabéns!!

Anónimo disse...

Tens porque mereces. Porque és uma mulher linda. E eu quero pormenores e pormaiores também. Aqueles que nem num blogue de grande liberdade são permitidos.

fernando lucas disse...

será que é desta que ela deixa de escrever tanto? era muito bom sinal...

Mary Mary disse...

AH! LINDA, LINDA, LINDA! Mereces ser feliz e eu sabia que um dia irias ser... :)

Carrie disse...

Manuel,
Não me digas que também te passaste para um ciber e precisas de um euro e meio para consultar o Tralha...

Dia disse...

Caros comentadores/ as:
Calma, não me dêem os parabéns tão veemente, não augurem bafos de grande felicidade. Tive um homem na minha cama, decidi marimbar para o sexo com amor, e tornei-me apologista do sexo sem compromissos.
Tive um homem muito bonito na minha cama. Apenas isso. E fez-me muito bem ao ego.

Mais tarde, quando a puta da tendinite estiver melhor, escrevo o resto.

O inominável blogger de referência diz que este é o meu melhor texto. É bem capaz de ter razão.