terça-feira, abril 05, 2005

Nina, eu tenho nojo de mim!

02h54m
Pleno Bairro das Colónias, o conta quilómetros marca 10290 (a laranja, claro, os quilómetros e as horas). A Carolina dorme o sono dos anjos, na cadeirinha colocada atrás do lugar do condutor. Está tudo em silêncio. Apenas se ouve o ronronar do meu motor 1.3 Multijet e o barulho do papel do meu cigarro a arder.

De repente, um homem, preto como a noite sem luar, repete esta frase, totalmente desesperado: "Nina, eu tenho nojo de mim, Nina eu tenho nojo de mim!".
O sinal fica verde, eu sigo o meu caminho e ainda olho o homem pelo retrovisor, agachado, com o auscultador do telefone público no ventre. Passo pela rua do ex tsunami só porque sim, para variar o caminho, não porque tenha esperança ou desejo de o reencontrar.
Porque é que teria tanto nojo dele próprio?

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