Don't threaten me with love, baby. Let's just go walking in the rain
Esta frase é da autoria da minha musa musical - Lady Day.
Lamento dona Ella, mas a madame Billie fascina-me. Pela voz imperfeita e dengosa. Pela existência triste e trágica. Pela imortalidade e reconhecimento terem acontecido depois de ter sido encontrada morta, num apartamento, com 500 dólares na vagina.
Hoje estou com os blues.
Porque me apetecia dizer esta frase, mas está um dia radioso lá fora. Porque desejo mais do que tudo cantar em dueto o Potato Head Blues, do Armstrong, de preferência em cima da cama, aos pulos no colchão, de pijama, com um rolo de papel higiénico a fazer de microfone.
"Todos os teus problemas começam na tua voz", disse-me há muito tempo, o meu primeiro namorado. Era desafinado como o raio (mas no peito dos desafinados também bate um coração, diria o meu amigo Tom Jobim), mas percebia imenso de música e eu ainda sorrio quando oiço Soundgarden na rádio.
Toda a gente hoje decidiu tirar o dia para me deprimir, para perguntar porque é que eu não tenho namorado e eu ontem resolvi parcialmente o problema: adoptei duas gatinhas lindas, porque já não suporto dormir sozinha. "All by myself in the morning, toca agora o Real Player, lindo, lindo, oportuno como o diabo...
Mais do que um namorado, procuro um companheiro para duetos improvisados no chuveiro e que gaita, só me vem um nome à cabeça.
(O chuveiro que eu comprei parece mesmo um microfone e agora me lembro como fui tola, quando o empreiteiro estava a colocar a banheira e eu o adverti para fazer a coisa de forma a que coubesse lá uma torre holandesa com mais de um metro e noventa: Idiota, idiota...)
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