O pilinhas
Foi um golpe baixo: ele disse, gordura é formosura, era uma provocação e ele quis magoá-la, mas ela é gorda há 28 anos, já está habituada, e faz já tanto tempo que ela convive com as suas ancas largas e com um rabo que só cabe com uma grande angular, quanto aquele em que tem um dedo que adivinha - é o mindinho da mão direita, e foi a sua avó Zá que lho passou quando morreu -, que lhe sussurou ao ouvido, no instante em que o outro lhe chamou de gorda, que o administrador da empresa onde labuta e onde vai deixar de ser paga a 200 por cento nos feriados, não estava nada à espera de uma sindicalista de direita tão deslumbrante, no seu vestido colante de malha preta, e o dedo disse-lhe que ele não se lembra dela gorda, lembra-se de alguém com algum domínio assaz assustador da legislação de trabalho portuguesa, e com lata suficiente para, na primeira reunião, lhe dizer que, se no início da carreira lhe chamavam "the union man", isso era um ímpeto de juventude que, certamente, já lhe tinha passado.
Pois então, finalmente, o indivíduo achou o (t)ralha, e vai utilizá-lo em Tribunal para lhe tentar tirar a custódia da filha, alegando que ela é bipolar, ah, isso e porque ela não lhe corta as unhas e não lhe dá banho, que maravilha, às vezes, diverte-a, diverte-a mesmo muito, diverte-a tanto que até lhe voltou a voz que a reunião com o administrador lhe havia levado com as cheias, mas então, toma lá esta: ela podia ter-lhe respondido que constava no mercado que a sua namorada dava ares de vacalhona (estou a citar, alguém me disse) e que usava vestidos com folhos em casamentos pseudo-chiques onde não havia comida suficiente para os convidados. Mas não, utilizou o penúltimo trunfo, foi mesmo mesmo um golpe baixo, e, por isso, há-de haver alguém, neste preciso instante, que se mira escondido na casa-de-banho de um T3, com vista para a Calçada de Carriche, através de um espelhinho de aumento, daqueles de depilar as sobrancelhas. É que ela foi mesmo má, às vezes, era assustadoramente má, mas já lhe andaba para dizer isto há uns bons três anos, e era agora ou nunca: escreveu no teclado do seu novo Nokia, que já não era azul, mas sim da cor do petróleo e que, infelizmente, já não tinha a funcionalidade de lanterna, e isto, camandro, era quase escusado, era coisa que não se fazia nem ao pior inimigo, mas ela dedilhou e frase fez quase música: ela podia até ser gorda, e formosa, sim senhora (e mais segura do que algum dia esteve), mas ele tinha pilinha de chinês. Minúscula e fininha. E ele, agora, neste instante, ainda está na casa-de-banho, com a fita métrica caída no chão.
18 comentários:
Só te posso dizer que hoje estavas super mega inspirada. Amei!!!
parece-me que se passa algo sério mas n tenho bem a certeza. de qq forma, se tudo se resolve, a pilinha de chinês n se resolve e isso dá me um gd gozo por ti. bjs mil
O pior é que o senhor cem milímetros ainda vai fazer - ou vai ser obrigado pela mãezinha a fazê-lo, como me parece acontecer em boa parte dos actos deste pobre de espírito - queixa de ti ao Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, acusando-te de profundo racismo ao aceitares como verdadeiro o estereótipo de que os chineses têm todos pilinhas minúsculas e fininhas.
Grande!!!
Não te pisem os calos que a resposta é pronta e fria (safa!) - não sei porquê mas veio-me agora à cabeça o velhinho Duarte e Companhia com um dos maus que gritava indignado: "Eu não sê-le chinês, eu sê-le japonês!"
estou a ficar farta desse gajo...
É trabalhadora ao menos?
Se sair ao cérebro e aos dedos (pelo menos no que toca a utilizar o teclado e a fazer telefonemas) do proprietário atrevo-me a dizer que não deve ser muito dada ao trabalho...
Esta senhora não deve ter percebido ainda que é muito pobre, muito pobre mesmo, o seu espírito. Este humor mediocre carregado de despeito e desrespeito dá pena. Muita pena de quem não devia preocupar-se tanto com o cu gordo. Com o cu que vê tão gordo. O cu tão gordo que não a deixa ver mais nada que o próprio cu gordo. Um cu gordo que cega. um Sindicu. Ridicu. Experimenta arranjar uma vida a esse cu. Mexe esse cu.
Mas ainda pior é o Leopoldo. Vive intensamente a vida de uma não vida. Será que nunca pensaram em tentar arranjar assim tipo uma vida para viver. Cambada de lambe cus. Lambem o cuzinho um ao outro e assim camuflam a vergonha das hemorróidas. Mal paridos. Pobres.
Temos um santinho ou santinha enxofrado(a)! Kibunitu! Acho sempre tanta gracinha a quem não tem berlindes (ou qualquer órgão equivalente) para assinar a merda que matraqueia num teclado... Arrisco adivinhar que poderão as tristes consequências de falta de projecto educativo. Mesmo que se tenha sido parido e criado por uma grandiosa pedagoga...
E daí talvez não... Noto nos anónimos comentários anteriores recursos estilísticos difíceis de encontrar em tão vazia mente. Quer-me parecer que se trata de um seu procurador. Ao qual só não chamo Brutus porque, ao contrário do pobre Júlio César, orgulho-me de reconhecer um falso a dez metros de distância.
A questão é que as grandes verdades (quantos exemplos disso dá a História?) não precisam de assinatura. Essa é que é essa!
O cobarde esquece-se que o statcounter diz muito sobre quem cá pisa o quintal...
O estilo é muito bom, os comentários acerca do meu cú têm um ritmo brutal, adoro a métrica, se calhar, vou dar os dados do IP à dom quixote para o editarem também. Este é de certeza um senhor que esteve na boda em que - dizem-me às más línguas - faltou a comida e sobejou o novo-riquismo. Notou-se logo aí que esse pessoal não gosta de cús grandes.
A este anónimo eu só gostava de perguntar porque não arranja ele um tachito para o pilinhas. Tão amigos que eles são que me dá vontade de chorar. É que este não é parvo. Nunca se comprometeria. Vai longe este rapaz anónimo. Vai na volta, fará história. Sem o agá grande.
É bom irritar gente reles. Gente pequenina. Muito bom. Manifesto-me quando quiser e assino se quiser. Não ligues leopardo, o gajo não tem tomates para ti. Não tem tomates de leopoldo. A senhora que acena com o papão do endereço IP faça dele o que quiser. O MP deve estar danadinho para o identificar. Vá à PDQ ou à Assírio. Mas vá depressa, muito depressa, que o tempo e a história correm contra si.
Ok, Anónimo. Fica bem e faz pela vida. Ouvi dizer que as coisas já andaram melhor para o teu lado mas não é nada que um bocadinho de esforço e menos preguiça não possam ainda corrigir.
Lamento apenas desiludir-te num pormenor - mas já trabalhámos os dois num sítio onde havia quem substituísse o termo por detalhe (ou seria o inverso?): no que me toca não andas a irritar, apenas a divertir. Nada me diverte mais do que a falta de coragem em assumir aquillo que se escreve.
Acaso tivesse eu tido acesso à web esta última semana, teria escrito o mesmo que o "sangue do meu sangue". Caro anónimo, continue, a porta está sempre aberta para si, desde que continue com o tal ritmo e métrica de que falei no comentário anterior.
É mesmo muito divertido. Parabéns!
Olé!
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