A dieta da noiva (ou a aura quer-se bem larguinha)
A prole do Zé Ralha herdou-lhe dois caracteres genéticos que, por si só, servem de prova irrefutável em Tribunal na averiguação oficiosa da paternidade, ou em qualquer investigação criminal do ruivo Horatio, nos episódios do CSI, e que escusam a realização de quaisquer complexos e dispendiosos exames de ADN: dentes desalinhados, os incisivos cruzados um por cima do outro (três anos de aparelho fixo não os domaram – aos pouquinhos, e muito discretamente, voltam às suas anteriores posições, o que prova que, de facto, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita, mesmo que à força e com brackets de titânio), e pernas “à Zé Ralha” (aquelas, rechonchudas, da foto em tons de sépia, do post mais abaixo).
O cabelo muito frisado, quase encarapinhado, passou apenas para dois filhos: o mais novo e o mais velho (com muita pena minha, que preferia ter longos cabelos crespos de anjo aos ondulados que me calharam na rifa genética, mas ainda assim, sorrio ao pensar que me correm olhos azuis nas veias, e que nas do João há cabelos da cor do fogo e sardas pintadas com pincéis de pelo de marta).
A realidade é dura, mas é esta: a noiva está gorda (e ainda não encontrou o vestido para o casamento; tem, desde muito pequena, uma propensão, penso que também ela genética, para bens cujo seu parco salário não pode sequer almejar; cai de amores por todos os vestidos de casamento acima dos três mil euros, e acha girinhos os que rondam a milhena de euros).
Não se pode fazer nada relativamente às pernas “à la Zé Ralha”. Por mais que se submeta a regimes de subnutrição, vai sempre ter coxa grossa e rabo de proporções exageradas (apenas reza que a sua filhinha loira tenha herdado as pernas altas e magras da sua avó também loira). Exibe, então, não muito orgulhosa, uma barriguinha de felicidade. Ainda teve alguma esperança, esta semana, num gabinete sem janelas, onde lhe espreitaram as entranhas através de ultra sons, que, a ecografia pélvica lhe desse, de presente de anos adiantado, um girino 50.000. Na realidade, estava deitada na marquesa, e a médica já espalhava um gel muito frio no seu ventre, e a noiva disse para os seus botões imaginários (já que saia não tinha botões, apenas um fecho eclair) – giro, giro, era que fossem dois (esse é um caracter genético que também carrega: o dos gémeos)
O Zé Ralha tem uma explicação para os gordos, que às vezes ficam menos gordos, mas, mais cedo ou mais tarde, voltam a ser gordos gordos. Disse-me ele, há 18 anos atrás, na sala fresquinha e escura da casa do Robalo, onde a minha avó costumava sentar-se na sua cadeira de couro a traduzir complexas fórmulas químicas, que a explicação está na aura. A aura usa-se justinha ao corpo, como umas calças de lycra (marca registada da Dupond). E quando os gordos perdem peso, a aura não alinha em dietas suicidas. Vai daí, fica largueirona e andrajosa. Tal como os meus dentes teimosos, que tudo fazem para voltar ao sítio onde foram felizes durante 25 anos, a aura utiliza os mesmos esquemas matreiros, recusando-se a enfiar-se na máquina de lavar com o programa a 60 graus para encolher um bocadinho.
Ando nisto há quase 28 anos. Não me quero repetir, já escrevi num post velho, enterrado nos arquivos que não me apetece vasculhar, que estou em dieta desde que nasci. Mas não caso gorda; ainda não tenho vestido, mas não caso gorda gorda, caso menos gorda e como sou o centro do mundo, anuncio aqui, que na próxima estação, primavera-verão 2007, as auras vão usar-se larguinhas e flutuantes.
7 comentários:
És linda por dentro e por fora e ainda bem que estás assim feliz! :D
BOM DIA! Hoje sou a primeira a comentar... ena ena!
Beijinho grande
madrugadora, minha amiga :)
Os leitores andam meios fugidios da caixa dos comentários.
Vale-me o irmão Trafuncas, que é o maná destas caixinhas.
Cá, a mim, parece-me é que esse Trafuncas afasta a malta das cx's de cómentes. Vai uma aposta? (em como ninguém mais comenta este poste.)
Essa das auras tem bué que se lhe diga, tal e assim como, um porradão de coisas que o Zé disse e diz.
:D (...e essas cenas)
Quando me contaste a novidade já foi o que foi, mas ver assim escrito: a noiva... é tão lindo! ou então sou eu que sou uma parva apaixonada, que está muito feliz por ti! bjs
(desculpem lá ter estragado a aposta)
Fostez Tú!, foztez Tú! sua bela de sua choramingaz...
(ahahahahahahah)
[hiruvzs - ora deixa cá ver: - hir uvz's... ]
nada de novo? nem quando o rei faz anos? deves achar que há muito que fazer nestes reinos... até eu me tornei leitora de blogs. não me desiludam!!!! quero coisas novas, nem que seja sobre as flores desmembradas!
Olha essa matéria sobre noivas super interessante no Link:
http://www.noiva.org/noivos-em-forma.php
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