domingo, agosto 20, 2006

Fui a um casamento hoje,


de uma menina ruiva, com cara de boneca de porcelana fina.
À porta da sua casa repousava um ás de copas.
Como não choveu, porque São Pedro não queria o guichet cheio de reclamações em pleno Agosto - os querubins também preferem este mês para descansar e o expediente acumula-se em pilhas e pilhas de nuvens até Setembro -, enviou esta carta dos céus, de madrugada, logo quando o sol nasceu, para abençoar a boda.
Haverá melhor augúrio?

Todos os dias, saio de casa e faço por olhar com olhos de ver.
É a chave da felicidade.

A quem possa interessar, ontem, encontrei, na esplanada do Luanda, a senhora professora Gertrudes Maria, que não via há 22 anos. Lembrou-se de mim: era aquela que desenhava muito bem. Estive para lhe dizer que agora sou aquela que escreve muito bem, que se enganou no meu talento, mas, de facto, ela não teve tempo para o avaliar. Apenas me ensinou os nomes das letras e dos números e a desenhar xis que mais ninguém desenha. Sorriu quando lhe disse que ainda hoje escrevo assim os xis. A professora da sala seis, a sala em frente à da senhora professora Gertrudes Maria, anuiu: Sim, ensinavas assim os xis. As coisas que ela se lembra. E nada de extraordinário acontece?

3 comentários:

MPR disse...

Um pequeno desabafo... voltar de férias e pôr o teu blog em dia é a melhor forma de reentrar na vida de sempre... mas demorou-me uma hora...

Dia disse...

Um grande bem haja, meu caro amigo blogger

Anónimo disse...

olhar com olhos de ver já é uma coisa extraordinaria. Acredita. O olhar com olhos de sentir torna-se um hábito e depois não vemos aquilo que só é possivel ser visto com olhos de ver :)

tambem há os que olham e não conseguem ver nada... mas isso já é outro fado.