Esquizofrenia
Não tenho amigos imaginários; outra noite, confesso, delirei: a enxaqueca martelava tanto que sou capaz de jurar que o meu colchão e a minha cama se amotinaram e convocaram uma greve geral.
Munidos de cartazes, palavras de ordem e bandeiras encarnadas reclamaram comigo baixinho (porque, ainda assim, apesar de estarem zangados comigo, respeitam as minhas dores de cabeça).
Sentem-se sós, reivindicam um segundo corpo, querem dar guarida a alguém que ocupe a imaculada e virgem metade direita do meu leito (quando mudar para Santa Marta, sou bem capaz de comprar uma cama mais pequena).
Tenho duas vidas. Totalmente estanques. Não comunicam.
Sinto-me esquizofrénica, sem a parte dos amigos imaginários, sem as alucinações. As minhas duas vidas são bem reais. Não sei, de momento, viver sem uma delas.
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