domingo, julho 24, 2005

Ressurreição

Aqui a (T)ralha é ainda mais despachada que o Senhor e, apesar de ser Domingo, demorou apenas dois e não três dias a ressuscitar.
Não faz sentido acabar com este canto. Não por causa de uns otários que chatearam a Joana num Sábado de manhã, por causa de umas linhas, umas linhas divertidas e bem escritas (desculpem a imodéstia, mas eram mesmo boas), que não tinham nada de mal. Um texto que era uma homenagem sentida e mais que merecida a uma pessoa de quem eu gosto muito, um texto em que não se teciam quaisquer considerações sobre as qualidades profissionais da minha amiga, um texto cuja moral era apenas esta: o cromossoma X tem uma anomalia de milhares de anos; desculpa o seu par Y com demasiada facilidade.
O cromossoma X é banana, eu sou banana, sou das Nanicas, não sou das da Madeira. Na ilha do Alberto João, as bananas são pequeninas e eu sou gigantescamente banana, escrevi isto, muito recentemente, num mail, a propósito de perdoar incondicionalmente as ofensas de quem me ofendeu, num mail em que suplicava assim: "Diz-me que gostas de bananas" (ainda não respondeste, mas estou convicta que sim, que gostas).

Podia ter apagado o post "Fim" e, assim, de acordo com o StatCounter, apenas 11 pessoas tinham sabido da minha catarse de ontem.
Mas não faz sentido retirar o post.
Quem por aqui põe os olhos há algum tempo - nem é preciso muito, basta uma semanita -, já se apercebeu da minha veia para o faduncho, da predisposição dos meus genes para estados ferozes de melancolia.
Desta vez, decici ficar triste por estar feliz demais. Não cabe na cabeça de ninguém...
O Ric induziu-me a mini-depressão, acabadinho de chegar de Marrocos, e eu estava aérea, nas nuvens, e ele, sabiamente, decidiu chamar-me à terra, assentar as sandalinhas de um salário mínimo nacional no chão. Num estalar de dedos questionei o que é que andava a fazer, quem é que ia sofrer os danos colaterais desta embrulhada, senti-me ridícula por me apaixonar tão facilmente.
Mas hoje, o Ricardinho (espero que tu não te importes que eu te chame pelo teu nome verdadeiro, mor), que anda com peso na consciência desde então, tirou-me da neura (a tua cena dos sorrisos também estava a funcionar muito bem, Maique, a sério que estava e vou continuar com a medicação). Disse-me que não faz mal apaixonar-me por alguém em tão pouco tempo. E que o amor é ridículo, não há nada a fazer. E, nesta primeira fase, o amor emagrece, acrescento eu, por isso é duplamente benvindo, com chatices, alhadas e pombais.
O JPH, que é o grande culpado pela audiência indesejada deste blog, foi, talvez, o primeiro a reparar- apesar da muralha de arquivadores que colocou entre nós, viu os primeiros sintomas, de muito perto, sentado na secretária em frente à minha: eu com um sorriso parvo de orelha a orelha, com os olhos a brilhar para um monitor de computador e ele a aconselhar uma rápida visita ao médico, enquanto me pedia para eu lhe servir um cafézito. Não lhe dei ouvidos, servi-lhe o café, mas deixei-me levar.
Sofre-se de qualquer forma. Dando pouco ou dando muito. Eu prefiro dar tudo. E isto aplica-se também a este blog. É a minha terapia. Não posso abdicar dela. Não estou pronta para o desmame.

3 comentários:

Anónimo disse...

Como pode constatar esta é a segunda vez que passo por este "quintal" como lhe chama. Confesso que quando li o post anterior fiquei triste com a sua decisão. Pois se os seus dias são à noite, as suas noites contribuem para animar os meus dias. Tive esperança, no entanto, que a decisão não fosse definitiva. Por isso um grande "bem haja" e perdoe-me o desabafo.

Dia disse...

:)
Obrigada pelas suas palavras.

Anónimo disse...

Podes-me tratar pelo nome, babe, mas nunca por diminutivos (Ricardinho, que merda é essa?).
Estou feliz com a decisão, até porque tenho a certeza de que ela foi muito consciente. Se fechasses o blog, seria pelos outros. Abri-lo é um presente a ti mesma. Feliz aniversário, então.

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