sábado, julho 23, 2005

Senhora ex-assessora

[Post reeditado, sem censura, agora que a senhora ex-assessora já não tem cargos institucionais no XVII Governo Constitucional - este blog não teve nada a ver com isso, com a queda do senhor ministro do cabelo às ondinhas; portei-me bem, aceitei censurar o post até ao fim do mandato do senhor, mas, caramba, o post só ficou 20 dias na gaveta, nem sequer ficou a cheirar a naftalina... Ainda uma nota para o post '27 mais um': tinha apenas uma vaga recordação de o ter escrito e parece-me que posso fazê-lo mais vezes - escrever triste e imediatamente após uma estadia nas escadinhas da rua contígua à Bicaense.]


Quem me conhece, sabe da minha tara por assessores de imprensa. Fui casada com um, namorisquei outros tantos.
Este Governo tem a assessora mais bonita e louca de Portugal. A minha tara por assessores não é exclusiva ao sexo masculino: adoro esta mulher.
A senhora assessora ontem pagou-me demasiados copos na Bicaense (agora está rica, em quatro meses afiambrou na sua conta bancária uns poucos milhares de euros).
Eu e a assessora "freak" estagiámos juntas no pasquim, há muitos anos (ela é mais louca do que eu e isso é uma proeza digna de registo num "hall of fame" - prepara-te para enterrar as mãos em cimento fresquinho). Eu fiquei nesta mina, ela foi com os porcos.
Na altura, soube-me bem, de três estagiárias extraordinárias - éramos mesmo as três magníficas: eu, a senhora assessora e uma menina com um apelido indiano muito musical que, segundo sei, anda por Bruxelas a ganhar rios de dinheiro - ter sido eu a escolhida, mas, hoje em dia lamento-o e não consigo deixar de pensar o que poderia ter acontecido se tivesse ido parar ao desemprego (eu sei que não vale a pena pensar nisso, mas é feitio, não é defeito, perco demasiado tempo a pensar no "e se fosse...")
Geralmente, só encontro a assessora dos olhos verdes, filha de um ex-ministro, no dia dos meus anos. 2005 tem sido a excepção - a culpa é da esquina da Bicaense (pára lá tudo o que é bicho careta do jornalismo, sobretudo do económico). O encontro de ontem foi marcado partindo da premissa que iamos falar de gajos, numa espécie de pijama party, sem pijamas, sentadas à soleira de uma porta da Rua da Bica de Duarte Belo, acompanhadas de caipirinhas ou mojitos.
Contei-lhe as mais recentes façanhas (a este blog "chibo" não o posso fazer, porque o JPH andou a divulgá-lo além fronteiras...) e confessei, ainda, o trauma recente, cuja enterrada recordação ainda abala a minha frágil auto-estima.
Na noite em que alguém virou a face e cagou de alto para mim (perdoem a linguagem, mas isto é o mais soft que eu consigo para descrever a pulhice que me fizeram), eu tinha estado com a senhora assessora, no sítio do costume, e ela tinha-me pago demasiados "shots" de absinto: "Eu achei o gajo um otário, Di. Via-se que já estava contrariado. Mereces melhor, muito melhor", desabafou ela e eu larguei um longo suspiro em sinal de aprovação das suas palavras e soltei um: "Sim. É um idiota."
"O problema, é que nós, gajas, somos tótós", lançou a assessora, com os pés assentes nos carris do elevador da Bica (elevador que, para mim, nunca mais foi o mesmo desde que soube que alguém das minhas relações ali mandou uma pinocada; agora, olho sempre para o eléctrico amarelinho com um misto de inveja e nojo). "Se os gajos são uns otários, se são uma nódoa da cama, se são não sabem beijar, nós nunca dizemos nada. A culpa é toda nossa, porque passamos a vida a desculpá-los", sentenciou a assessora acidental.
Tens razão, toda a razão. Lembrei-me logo do senhor holandês que não respondia aos mails, que não respondia às mensagens, que não respondia aos telefonemas, que teria morto à pedrada os pombos correio que eu lhe tivesse enviado, e eu, parva, arranjava sempre uma desculpa - tem muito trabalho, deve ter o telemóvel no silêncio...
(Suspiro)
Recordei uma pinocada para a qual tinha grandes expectativas e que foi abaixo de cão e um outro por quem eu andei caída há muito tempo que tinha problemas gravíssimos de erecção e, raios, tens mesmo razão: nunca teria tido a coragem de dizer aos tipos que eles eram ridículos, que eram publicidade enganosa, que ia fazer queixa à DECO, com medo de lhe ferir o seu orgulho viril para todo o sempre.
O nosso sentido de Estado obrigou-nos a interromper a conversa e apanhar um táxi que demorou meia hora a chegar, porque não sabia onde era a Calçada do Combro.
Mas havemos de continuar esta reflexão.
Entretanto, eu tenho a tal manchete para escrever.

4 comentários:

Anónimo disse...

eu sei... a tua alma não descansaria enquanto não contasses... como correu um certo e determinado evento...
:-P

K disse...

...rebolo de felicidade por este blog aparentemente ter voltado à sua periodicidade normal, ainda que pelos vistos com condicionantes de censura (é uma pena...mas eu entendo..são os tempos de ditadura democrática..)..voltarei...com mais tempo para ler:)

Anónimo disse...

um dos melhores posts! :)
the

Dia disse...

O post teve que ser ligeiramente censurado, a pedido da senhora assessora. Só despareceram umas asneiritas, nada de grave, não fosse a chefe de gabinete do ministro das Finanças apanhar este post na net.