Limpezas nos domínios da Google
Apaguei, da conta do Gmail, do supermail que me comanda a vida, duas histórias de amor que deram para o torto e que, por isso, fizeram correr rios de caracteres neste blogue. À uma da manhã, do Marquês de Pombal ouve-se o irritante Rock in Rio, tão camuflado de boas intenções e de blá, blá, blá por um mundo melhor, e eu fico com pena da minha mãe, que mora muito perto do prolongamento da Estados Unidos para Chelas e que já dorme pouco todas as noites, com uma coluna vertebral que a castiga implacavelmente.
E como estou cheia de coragem, e como acabei agora mesmo de escrever um destaque de duas páginas que irá sair na edição de Domingo do diário de referência, estou mesmo cheia de genica, e perdido por cem, perdido por mil e apaguei, também, os chats esquizofrénicos de há dois anos atrás, quando o Gmail não tinha Talk mas nós já o usávamos com esse propósito, a uma cadência alucinante, e em horário de expediente.
Apaguei muita coisa. Já não me faz falta e mail dos mail não estica, e está gordo que nem um texugo, cheinho, a rebentar as costuras (e se a Google num golpe de filha putice decidisse cobrar o serviço eu pagaria sem hesitar; não sei viver sem o raio do webmail) . Apaguei fragmentos de uma amizade que ainda me faz acelerar a pulsação (um dos textos do tal destaque escrito em frente à parede laranja de Santa Marta é para ele), mas que sei, porque já me conformei, que não retorna nunca mais.
Feitas as contas, é mesmo assim, não há que ter medo de admitir a ninharia, estas histórias, estas pessoas, por quem eu sofri tanto, a quem eu amei tanto, só representam dois por cento dos quase dois gigas da vida que guardo no servidor da Google.
7 comentários:
Sou estreante no seu blog. Foi-me recomendado por um leitor seu fã. Disse-me que escrevia muito bem e que os seus textos eram muito intensos. De si, sabia apenas que era jornalista. Tentei reconhecê-la na fotografia. Em vão. Prefiro assim. Eu também sou jornalista. E gosto de algum anonimato. Não colocaria a minha foto num blog. Deixaria o resto à imaginação dos que me lessem. Como se de uma personagem de um livro se tratasse. Pela sua escrita, imagina-la-ia à minha maneira. Construiría um rosto, um corpo, um sorriso. Que seriam só meus. Sou possessiva com os meus livros. Como com os meus autores favoritos. Sinto ciúmes quando vejo alguém no comboio ler umlivro que já li. Seria possessiva com o seu blog. Neste sentido. Por sentir que o aprecio gradualmente.
Gosto da sua escrita. Sinto-me bem na "sua tralha". Os seus desabafos sabem-me a mel. Sinto tranquilidade. Sinto que estou bem. Sei que vou regressar.
Eu sempre disse que seria fácil... gosto de saber que também tu o conseguiste :)
"só representam dois por cento dos quase dois gigas da vida que guardo no servidor da Google"
e isso é TUDO! acredita, parabéns, prova superada. bjs gds
olá, vim cá a partir da Barca de Lyra da Mafalda. Gostei do blogue, espero que se iniciem aqui laços de revisitas mútuas.
miss k, terá sido o chico o tal fã a sugerir o tralha?
cidadão, bem-vindo.
essa é que é essa...
Aquilo que nos enchia a memória, que nos fazia chachar de alegria ou de dor...
E de repente...2%...
E ás vezes até parece demais.
Sim, DIA, foi um Francisco que me ofereceu convites para o tralha. Não sei se é o mesmo "Chico" que refere. Penso que sim...
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