quinta-feira, março 03, 2005

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[Afinal, não cansem a vista, nem começem a semana com notícias de economia: o texto fluorescente já não é para esta semana, entrou publicidade]

Ontem, o estupor do Maique (está melhor assim, senhor? Mais coerente com a sua fama de durão?) enviou uma sms da vizinha Espanha que dizia: "Grande trabalho bloguista, dra Ralha. Muito bonito. Durma bem". Eu, tontinha, orgulhosa, humildemente respondi: "Escrevo para ele, para o senhor holandês".
Não escrevo mais para ele.
É muito mal educado.
Não o consegui apagar do Messenger (talvez amanhã consiga - foi assim no Gmail, deixei de o incluir nas orgias, de mansinho), mas despromovi-o da categoria de "amigo", e enterrei-o na pasta dos contactos "colegas" (colegas são as putas, ensinou-me, logo ao início, um grande nome do jornalismo português, a quem chamo de "camarada", por isso, tira daí as tuas conclusões).
Apaguei a foto dele do meu telemóvel - essa vou-me arrepender de certeza, mas eu gosto de fazer grandes dramalhões; tenho, inclusive, uma "label dramalhões" no meu Gmail, que já serviu para catalogar, entre outros, o "Tajavergate" e, mais recentemente, para arquivar o ainda não ultrapassado incidente "má ventura" -, mandei para o cano as sms que me enviou (custou-me apagar aquela que perguntava, no início do ano: "Como se chama a tua mãe? Isabel Ralha?", mas que se dane - deixei apenas a da madrugada do dia 24 de Dezembro, para mais tarde recordar) e, por último, risquei o número de telemóvel das agendas e do meu telefone laranja (há que tomar medidas drásticas, quando nos sentimos, de facto, ultrajados) .
Ufa!
Tudo isto por causa do Rodrigo Leão, um senhor que me inspira há tanto tempo, que aos 14 anos me levou a estudar Latim para poder entender as letras do Ave Mundi Luminar, o seu primeiro album fora dos Madredeus, com o panilas do Nuno Guerreiro a cantar sublimemente bem, em falsete, no registo de contra-alto.
Um dia, encontrei o Rodrigo Leão na sala de espera do consultório do Dr Mário (veterinário da bicharada, numa vivenda perto da estação de comboios da Avenida de Roma), com a sua boxer Luna, e disse-lhe isto - que a música dele mudou a minha vida. Que por causa dele eu sabia Latim.
Ficou encavacado, sem saber o que fazer e/ ou dizer. Eu tenho este efeito sobre as pessoas. Mas, de certeza, que o Rodrigo Leão ainda se lembra da miúda que, numa tarde de Setembro, enquanto fazia cálculos estatísticos (tinha exame de estatística no dia a seguir) num veterinário, lhe declarou que, aquilo que ele melhor sabe fazer, a sua música, lhe tinha mudado a vida.
E tu vais-te lembrar também.

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