segunda-feira, março 07, 2005

Sete anos de azar

[Perdão pela ausência. Sábado a escrever sobre "marquises" - com um agradável encontro cibernético com o sr Michael Burton pelo meio (eu sei que estou proibida de falar de ti, mas tinha que o dizer, que iluminaste o meu fim-de-semana) -, e Domingo a ressacar e retemperar forças, depois de ter escrito duas páginas sobre as senhoras "marquesas"...]

Mal senti o espelho a deslizar por entre os dedos, fechei os olhos e pensei: "vai partir-se; são mais sete anos de azar". Valeu-me a consolação do som magnífico que fez o estilhaçar em mil pedaçinhos do pequeno e fiel espelho - no Natal, gosto de partir enfeites de vidro nas lojas Aki só para ouvir este som. Eles têm-nas expostas em grandes cestos de vime e eu dou um toquezito com a perna nos cestos e finjo que foi sem querer.
Pobrezinho do espelho, todas as manhãs inspeccionava os progressos da minha dentição outrora desalinhada, viu o meu sorriso a ficar quase perfeito e hoje, logo hoje, no seu último serviço - deve ter tido alguma premonição que o fim estava próximo -, teve que deitar por terra a esperança de me libertar da armadura de titânio que aprisionou os meus dentes há dois anos e cinco meses, no dia em que começa a Primavera.
Dia 21 de Março - está marcado na minha Moleskine: Dra Rosa liberta o meu sorriso. Vou riscar: abriu-se um espaço, milimétrico, entre o incisivo e o canino direitos.
Hoje vou passar por debaixo de todos os andaimes e escadas que encontrar, vou fazer tudo por tudo para me atravessar no caminho de um gato preto. Pode ser que tanto azar junto se anule.

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