sábado, fevereiro 04, 2006

Morcega

Enquanto o João não toca à porta de Santa Marta, enquanto não me vem buscar numa carruagem que há poucos minutos atrás não era mais do que uma abóbora, quebro o silêncio de um sábado dedicado à sorna, à mais pura das sornas: supermercado com a Magui, almoço com a Magui, post a meias com a Magui (é a continuação de um que está em draft desde as 23h59 de ontem, que é o meu presente de anos para o 33.333, e a minha mãe dava uma grande blogger, já sei onde fui herdar esta coisa de brincar com as palavras, de as torcer a meu bel-prazer, a minha mãe é mesmo muito boa nisto, deu um novo rumo ao post do 33.333), sesta até às sete e meia, mas o depósito do sono ainda está na reserva, escrevo no limiar da exaustão, trabalho no limiar do sonambulismo (e se calhar depois ando a provocar acidentes na A8).
Falhou a noite com os swingers (quem sabe, para a semana, eles me dão a senha, quem sabe, se ainda não consigo fazer a reportagem), falhou a noite no meio dos swingers com o meu inominável favorito, mas a noite ainda é uma criança e o João (carinhosamente apelidado de Jão pela minha loira, que este fim-de-semana está ausente, algures para os lados do Lumiar - não é surreal que eu não saiba onde a minha filha dorme nos fins-de-semana interpolados que não tem residência em Santa Marta?? Fuck, Fuck, Fuck, é surreal sim...) deve estar aí a aparecer e eu ainda não pintei os lábios de encarnado sangue de boi, e promete, esta noite, apesar de ter muita pena de não ir ver a noite até ser dia no meio de casais que gostam de swingar entre si.

Primeiro post escrito na mesa da cozinha, ainda coberta com a tolha de Natal, com os mortos que a Thê me ofereceu no Natal (não há maior prova de amizade do que oferecer os nossos mortos a alguém, a segunda prova de amizade, que, ainda assim, não chega aos calcanhares desta, é mostrar, ao primeiro encontro, os nossos mortos e os nossos vivos em pose para o momento em que o tempo parou, no momento em que a objectiva o fez parar - e a minha objectiva é Carl Zeiss, é coisa fina, não se brinca com esta coisa de parar o tempo) a olharem para mim em sinal de reprovação. E está uma bela caca o texto, mas foi só para os dedos não ficarem gagos, foi só para não ficarem com pequenos pontos de ferrugem nas articulações - é que não tenho, nesta casa, o milagroso spray Bala.

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