terça-feira, agosto 16, 2005

Cócórócócó

Este é dedicado ao Ti Croca, que me pôs a carcarejar (é assim que se escreve? não não era, é cacarejar) no restaurante chinês da praxe, onde vou há mais de vinte anos; é dedicado à Mó, que me obrigou a sair da fossa, que me obrigou a tomar banho, tirar a tinta casca de ovo do nariz e das mãos, que me incentivou a ficar deslumbrante (destroçada para matar), porque nunca é o fim do mundo

e também nunca é como nos filmes, muito menos como nos livros e eu tenho a mania que sou escritora, tenho q perder essa mania - jornalista menina, repita comigo: jornalista. Jornalista não cria expectativas, jornalista não opina, não fantasia, muito menos usa provérbios ou se arma em columbófila. Acorde para a realidade: jornalista, é o que a menina é

e isto da vida, para que dia conte, para que não seja menos um dia, mas sim, mais um, não tem nada a ver com a sorte ao estacionamento como tão bem referiu o meu querido Pedro no seu blog meio zombie (nunca mais escreveu o menino porquê? isto dos blogs dá uma trabalheira danada, não é?), quando andava fodido da vida comigo, quando eu flashei com o senhor holandês em pouco mais de vinte e quatro horas e caguei para a dedicação que ele tinha por mim e pela minha filha,

eu nunca quis ser jornalista, nunca sonhei ser jornalista, foi por acaso, eu queria mesmo era ser cantora - mas já foi ao Coliseu cantar, menina, dê-se por contente, já fez trinta por uma linha para que cada dia conte, só que é necessariamente doloroso, isto da vida que conta um dia a mais, mais fácil é subtrair um dia, menina,
tem que se ir de cabeça, sim e eu sei que a menina não tem grandes aptidões físicas, que era sempre a última a ser escolhida para as equipas de basketball, que nada à cão, sei que tem pavor de morrer afogada - e por isso é que gosta tanto do Oscar e Lucinda do Peter Carey, porque um dos personagens colecciona botões como a menina e ambos são fascinados por vidro

tem que ser de cabeça, mesmo que não se saiba nadar bem, como é o caso da menina. E quem não tem pedalada vê a vida a passar. Durma de consciência descansada. Fez um galo na cabeça do mergulho em seco? Para a próxima corre melhor.

1 comentário:

Anónimo disse...

Cacarejar, grunhir, ladrar, miar, fazer como as gaivotas, às vezes é muito bom! Para além de divertir as crianças, é bom para a alma, para descarregar as energias negativas que guardamos cá dentro e deixar espaço para as boas entrarem! Faço um brinde à vida e aos amigos do coração! M