sexta-feira, agosto 19, 2005

À janela. À moda antiga

Como seria de esperar, o meu chulo literário manteve-se caladinho no seu canto, a espreitar por uma janelinha que está no canto direito do seu monitor grande - suponho eu que seja grande; o meu chulo literário exercita-me a imaginação como ninguém.

Namoramos à janela, à moda antiga. O nosso amor não sai da janela.

Mas esta janela não tem flores no parapeito. Não tem vista para a Duque de Loulé. Não se ouvem os carros lá fora, nem as vizinhas quadrilheiras a partilharem o que viram pelo óculo da porta, numa madrugada de há um mês atrás.

Esta janela é silenciosa e opaca: todos os dias são dias de nevoeiro branco e denso.

A janela abre-se cedo, porque cada minuto tem que ser sorvido como se fosse o último. A janela tem sido aberta quase em simultâneo - é transmissão de desejo, não de pensamento.

Quem me dera que esta janela nunca se fechasse.

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