À janela. À moda antiga
Como seria de esperar, o meu chulo literário manteve-se caladinho no seu canto, a espreitar por uma janelinha que está no canto direito do seu monitor grande - suponho eu que seja grande; o meu chulo literário exercita-me a imaginação como ninguém.
Namoramos à janela, à moda antiga. O nosso amor não sai da janela.
Mas esta janela não tem flores no parapeito. Não tem vista para a Duque de Loulé. Não se ouvem os carros lá fora, nem as vizinhas quadrilheiras a partilharem o que viram pelo óculo da porta, numa madrugada de há um mês atrás.
Esta janela é silenciosa e opaca: todos os dias são dias de nevoeiro branco e denso.
A janela abre-se cedo, porque cada minuto tem que ser sorvido como se fosse o último. A janela tem sido aberta quase em simultâneo - é transmissão de desejo, não de pensamento.
Quem me dera que esta janela nunca se fechasse.
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