Post em cima do fogão
Mulher das obras.
Acho que tenho jeito para mulher das obras.
Ganhei-lhe o gosto e o jeito, agora apatece-me pintar a casa toda.
Continuo sem jeito nenhum para pregar pregos; os quadros ficaram mal pendurados e as paredes parecem um queijo suíço; não tenho jeito para pregar pregos, mas por acaso nem me saí nada mal com o varão do quarto de vestir: deve ter sido sorte de principiante. Não tenho jeito para pregar pregos, da mesma forma que não tenho jeito para reencontros.
Depois de o Lourenço ter ido para as arábias e quando já estava grávida apesar de não o saber, passava algumas tardes nas chegadas do aeroporto de Lisboa. Estava de baixa, e gostava de ir ver as caras de felicidade dos amantes reunidos, das famílias reunidas; gostava de ficar sentadinha a sentir a ansiedade dos reencontros dos outros. Depois de um banho de reencontros, dava um pulinho nas partidas, via algumas separações tristes e acabava a tarde com um bolo de arroz (um dos meus bolos favoritos) na escandalosamente cara cafetaria do aeroporto.
Pois bem, não aprendi nada; a experiência do aeroporto valeu por si só; foi só mais uma maluqueira minha. Não tenho jeito para reencontros. Nada a fazer...
Estou pintalgada de tinta casca de ovo por todo o lado, e o Toshiba arrisca-se a ser, também, um computador das obras. O wireless é algo maravilhoso, o Toshiba está deitadinho em cima do fogão, porque pode ser que alguém bata à porta do messenger, pode ser que o Gmail dê um ar da sua graça, pode ser...
Vou para a segunda demão...
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