Sexta-feira treze
Sexta-feira 13 e vieram uns pinguinhos de chuva, se soubesse não tinha regado as floreiras hoje, pela manhã, e a estagiária mais doce que algum dia me passou pelas mãos (o mais doce foi o nosso menino, Carrie), ensinou-me uma das expressões mais bonitas que algum dia ouvi - eu fui buscá-la a Benfica para nos despedirmos no goês do Jesus, numa ruazinha esconsa por detrás do Martim Moniz e ela disse-me: desculpa o atraso, tive que tirar a roupa do estendal para não apanhar o sereno da noite, e as flores da minha janela apanharam o sereno da noite, tinham gelo nas folhas.
O aquecimento não está ligado: a chuva abraçou o frio, um abraço quente, e ele amansou, deixou-se ir, derreteu.
O azar não bateu à porta, mas a sorte continua perdida, algures na outra ponta da cidade, com o mapa virado de pernas para o ar.
No dia mais temido pelos supersticiosos, as meninas dos retratos a branco e preto sentaram-se num café ao Chiado, à janela, nem repararam na chuva que caía sobre a linha do eléctrico, e juntas demonstraram, a quem quer que tivesse prestado atenção - eu já disse que falo alto? -, que a série o Sexo e a Cidade podia passar-se, perfeitamente, em Lisboa, na Lisboa antiga, a que tem janelas de madeira, tectos trabalhados e chão de tábua corrida, e não apenas no papel de um guião, escrito para a cosmopolita Nova Iorque.
Cada vez gosto mais deste blogue. Que me trouxe amigas. Improváveis.
3 comentários:
Eu não sou supersticiosa mas que hoje não correu nada bem lá isso é verdade. Tive mesmo aquela sensação e desejo de ter ficado na cama e nem sequer acordar para este dia... Nada correu bem, nada mesmo... Enfim...
É claro que o Sexo e a Cidade podia acontecer em Lisboa. Basta juntar um grupo de mulheres (gargalhada).
Mas não pode ser um grupo de mulheres qualquer. Esta colheita, com uma mais madura, sem que isso seja sinónimo de juízo, é particularmente boa. A Carrie e as amigas que se cuidem!
yep, claro que sex in the city podia ser sex in lisbon!
ainda hoje estava eu com duas amigas, descontraídamente a descutir posições, quando passado um bocado olho para o lado e estava um velhote, dos seus 70 anitos completamente siderado na conversa.
já é tão natural para nós esse tom de conversa que nem nos lembramos que há pessoas de outras épocas e com outros pudores que devem ser poupadas a uma conversa descontraída desse teor.
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