A falta que tu me fazes
[Reeditado]
E tudo o que posso dizer, agora, com o ronco da 2: a lembrar-me noites distantes de tempestades e nevões em Lisboa, é que eu nunca deixei de te ler, e que, a certa altura, esgotei o sal das minhas lágrimas - não podia mais boiar nelas, foi uma aflição: pensei que me afogava -, mas elas continuavam a cair, nunca secaram, e nesse estado de exaustão dessalinizada, deixavam-se, também, beber e eu ainda pensei engarafá-las: é que esta água faria milagres, sabes? Faria sim, porque foram lágrimas que saíram do canto do olho e do fundo de mim, e eu passei vezes sem conta à tua porta com elas contidas nas pálpebras, à espera desse milagre, e tive medo que me aparecesses à janela como uma assombração, mas nada aconteceu.
E toquei no botão que diz dois, no elevador, tantas vezes que já não posso precisar. Toquei no botão automaticamente, e castiguei o dedo que em insistiu naquele número que já não existe na minha métrica, que tocou, dia após dia com uma teimosia que eu louvo, que eu, ainda assim, louvo, e uma coragem destemida, quase alucinada, que eu um dia gostava de ter.
Queria dizer-te que deixei de fumar Lucky Strike porque me lembrava os almoços no Lacinho, de febras grelhadas com batatas fritas, regados com litros de Coca Cola e Nestea. E doía. E o maço transformava-se em fumo, e o fumo invariavelmente, fazia-se água. Sem sal.
Preciso de te dizer que o Ibook não tem um único gadget instalado à espera que tu ponhas ordem na casa. Que o comprei, endividando-me à banca e pagando ao Barclays uma TAEG de dois dígitos (a Magui pagou-me as dívidas ao banco, entretanto), com a esperança de que tu voltasses. Só pelo computador da maçã. Porque sabes que eu não consigo dar conta do recado sozinha, que não consigo ser mãe solteira deste pequeno, que preciso de um padrinho.
Queria dizer-te isto: que podem cair todos os nevões na cidade onde eu vim nascer; os céus podem protestar sob a luz dos raios e o rugir dos relâmpagos; as luzes da ponte sobre oTejo podem nunca mais se acender em sinal de luto; as santas até nos podem salvar da combustão espontânea e do Destino em mais madrugadas; os juízes podem recusar-se em dar-me razão nesta vida e na outra; o chão pode até faltar-me por debaixo da sola bonita de cunha dos sapatos Adolfo Dominguez. Mas nada se compara à falta que tu me fazes.
[E se tu continuas com o rss feed ligado para o endereço http://empantanas.blogspot.com, sabes que eu já alterei mil vezes este texto; sabes, também, que não é a primeira vez que eu falho aqui, no [t]ralha, em fazer-te uma ode que conte ao mundo a falta que tu me fazes.]
6 comentários:
com banda sonora de compositores russos do virar do século e com postas como estas, precisas de 2 coisas: vodka em gramagem veterinária e um espanta-espiritos. não deixes que o tempo não cure o que tem de curar.
só faz falta quem cá está, se este post é pra quem penso, é isto que te tenho a dizer.
se n é, sorry, há mta gente que já cá não está e q faz mta falta. bjs mil.
é uma pessoa que faz falta, e muita! e uma pessoa importante ao ponto da mana me ligar com os olhos a brilhar e um sorriso feliz!
a verdade é que eu n tenho nada a ver com o assunto, sorry dia, pelo abuso, pela intormissão... bjs
Meu amor, não peças desculpa, esta casa é tua também, vens cá quando quiseres, deixas para trás o que entenderes. Mas não falo de quem tu pensas. Esse nunca parte, é um amigo incondicional. Falo de outro Mac Addict. Do mais geek dos geeks.
óptimo então. melhor ainda pra ti! :-D bjs
PS: e é intromissão, caragos, que me enganei...
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