sexta-feira, março 03, 2006

Teoria do amor [hoje não escrevo sobre outra coisa, mas este estava prometido à Carrie]

A minha querida Carrie levou porrada de todos os lados (daí eu nunca linkar ninguém, perceberam?) ao escrever no seu blogue, onde há mais cidade que sexo,

[o fenomenal Tiago Galvão diz que a produtividade dos blogues é inversamente proporcional à actividade sexual dos seus autores; tem razão, tem muita razão, e eu posto todos os dias, eu tenho uma média de 1,3 posts por dia, e eu não escrevo posts de duas ou três linhas, eu escrevo posts de sete mil caracteres com espaços, qualquer coisa como uma página de jornal, e isto diz tudo e eu quero aqui frisar, também, para quem chegou agora, que sou escritora profissional – expressão roubada ao FTA, do Mau Tempo no Canil –, e os escritores profissionais, os que ganham a vida a escrever redacções (Magui dixit) que, de madrugada, são impressas em papel de qualidade duvidosa cuja única utilidade que encontro é servir de cobertor a muitos sem abrigo pela Almirante Reis fora (a Almirante Reis é a minha avenida favorita), não medem a escrita pela sua beleza, medem ao caracter (jornais há, da concorrência, onde o software de edição, mede a escrita à linha)]

que, nós, mulheres, só gostamos de (homens) filhos da puta.

Enganou-se.
Esta teoria (mais uma) surgiu no interior do Idea, estacionado em segunda fila, com os quatro piscas ligados, em pleno Bairro Alto, com a Carolina a dormir na cadeira alemã atrás de mim, e o Telescópio no lugar do morto, e esta teoria era uma boa cena de filme, com a borracha dos limpa pára-brisas em banda sonora, hipnotizando as personagens e a acção.
Amigos de longa data (não é assim tão longa, mas parece, três anos é uma eternidade neste meu estranho mundo onde um dia parece um mês), questionámos o porquê dos amores assolapados nos atacarem como o mais mortal dos vírus, contra tudo e todos, contra as normas que bom senso aconselharia.
Não há vacina.
Ninguém está a salvo.
Nasce-se com essa imunodeficiência, não é adquirida. Eu sou portadora.
Eu tenho o corpo marcado por um amor impossível (o amor-bomba relógio também tem o seu quê de impossível; ele é bonito demais para mim, eu não tiro isso da cabeça, que ele é bonito demais para mim). O Telly sofre do mesmo.
Quando estamos com amores bomba relógio em mãos, quando há uma forte possibilidade de sermos felizes, que merda, que incrível chatice, deita fora, parte para o próximo, quero um gajo casado, um cheio de filhos e ex-mulheres problemáticas, quero curar um homossexual da sua bichice, quero um menino bonito, quero um toxicodependente, só quero amores impossíveis.
O amor é tanto maior quanto a sua impossibilidade. O amor é inversamente proporcional à probabilidade de um final feliz.

10 comentários:

FTA disse...

Lindo.

Anónimo disse...

Me confesso... também eu portadora dessa imunodeficiência não adquirida ;-)

Não há vacina, nem tratamento... mas será que os queríamos?
Não sou definitivamente do género "masoquista" porque acabo sempre por encontrar uma certa-grande piada nesta turbulência toda. Digamos que quem ama o amor vive uma vida em momentos... os espaços vazios são para pôr as contas em dia, lembrar do quanto podemos brilhar no trabalho, visitar a família, meter o sono na ordem, organizar os tarecos, curar a ressaca da perda e.... eis que o amor torna a resvalar pela pele... ala para o turbilhão dos sentimentos vividos até ao limite... para além do limite... e a vida ganha sentido outra vez

Joana Crawford

Isa disse...

pois eu, apesar de tudo, prefiro acreditar que sim, q há amor com possibilide de final feliz. bjs

antónio paiva disse...

.....cheguei aqui através de um link, colocado no blog de uma pessoa que apenas conheço deste meio, a Joana, mas que muito admiro e respeito, felizmente vim para a um canto com muita personalidade e carácter, voltarei.....
Noite serena é o que desejo!

Anónimo disse...

C...ralho as gajas são todas assim.......e aquelas que não são po~em ou querem pôr os ditos aos gajos.........é preciso ter um paciência do .....para aturar isto!!!!!!!!!!1

Dia disse...

Eu!!!!
Que saudades!!!!!!!

MPR disse...

Dia, leio-te sempre e fielmente, mas a conclusão deste post é, "pardon my french", uma merda, um disparate de primeira linha! Não me vendas banalidades de "OS" homens e "AS" mulheres e do que "OS" e "AS" gostam! Daí passas para o todos "OS" são cabrões e "OS" que não são não são amados ou não amam ou uma treta do género...
Dia lugares comuns??? Nem parece teu...

Dia disse...

Caríssimo,
No need to be angry.
Um post é só um post e se não te revês ainda bem: é por isso que o mundo não cai e o que seria do amarelo se não houvesse o mau gosto?
Mas, meu caro, tenho que refutar aqui uma das tuas acusações_ eu não falo de filhos da puta. nem de cabrões. bem pelo contrário. A opção foi desmontar essa ideia feita.
Eu sou a dos amores impossíveis. Se tu não és, ainda bem para ti. Deves ser bem mais feliz do que eu.

Parece-me que interpretaste o post com um ressabiamento que não está lá.

Boas leituras
Dia

MPR disse...

Angry? Curioso... não tinha pensado nisso... Estava mesmo angry. Não percebi o texto como sendo o que tu sentes mas uma generalização das relações humanas. Principalmente a frase final de "o amor é inversamente proporcional...". Mas porquê angry? Se calhar porque acho uma imbecilidade as generalizações, do mais lugar comum possivel, ao nivel da conversa da revista Maria. Se calhar gosto demais do que lês para me contentar com isso, acho que escreves bem demais para isso. Daí teres razão, estava mesmo angry... mas sem o perceber...

Telescópio disse...

Vou aplicar este post à minha teoria das pessoas porto e das pessoas travessia. Os viajantes não se contentam com amores de águas paradas. Tenho dito.