quinta-feira, dezembro 22, 2005

Começou a guerra química

[tenho que ir buscar o carregador do Ibook, já só tenho 33 por cento de bateria - bela percentagem -, é só um momentinho, fregueses]

Hoje foi mais um dia estranho (não muito bizarro, não pode ser todos os dias bizarria, ninguém aguenta muitos dias bizarros de enfiada), uma quarta-feira sobre a qual recaía apenas um desígnio.

[há coisa de umas três semanas - se eu não fosse preguiçosa e se não fossem três da manhã, ia à procura do post nos arquivos e punha aqui o link para quem não leu, pronto, faz de conta que está aqui -, quarta era dia de mudar o destino, e eu mando para o ar estes reptos à filme do Jeunet e depois o destino muda mesmo, mas, ao menos, podia ser pontual, que é uma qualidade que eu muito aprecio - ai, estas variações Golbberg matam-me, e saibam, senhores leitores, que a maioria dos meus posts é escrita ao som de Bach, ou de Chopin e às vezes de Ben Harper -, porque o destino decidiu mudar de faixa de rodagem, sem fazer pisca, sem olhar pelo retrovisor, e abalroou as duas miúdas que têm a mesma idade, que se vestem de preto, que gostam das cores encarnado, beringela e de sapatos de salto alto e biqueiras pontiagudas (aliás, estas mesmas garotas foram comer um bife ao Snob, dias antes de o destino mudar, com um calçado muito apropriado para escalar e descer ruazinhas estreitas com passeios esburacados e estradas em macadame do Bairro Alto). Atropelou-as na terça-feira, e não na quarta, e as terças, antigamente, eram dias de Andy (faz amanhã, sexta-feira, um ano que tu entraste na minha vida, holandês voador, e não tem sido fácil), e eu já estou como a Teresinha e acho que tenho um blogue, não só para terapia intensiva pela madrugada fora, mas, também, para saber a quantas ando, que dia da semana é que é]

A missão desta quarta não era ir vacinar a miúda, ou tratar da papelada da EMEL (não vou fazer nada do que me propus fazer, não tenho pachorra e há sempre lugares de estacionamento não pago nesta rua por debaixo da Fontes Pereira de Melo e da Duque de Loulé). Era simples: encher caixas de comentários de blogues alheios (e, como amor com amor se paga - e como eu gosto de provérbios -, as caixinhas desta horta também estão a abarrotar, anónimos de toda a blogosfera, juntem-se a nós, nós os que somos voyeurs compulsivos confessos, que adoramos espreitar as vidas de desconhecidos, mas, também, gostamos de participar, de as invadir, gostamos de dar vida aos posts, outra vida, levando-os, por vezes, para caminhos sinuosos - maus caminhos, naturalmente).
E porque quero perpetuar as estranhezas, as bizarrias desta quarta-feira, hoje não vou começar pelo princípio, nem pelo título (fiquem a saber que é raríssimo eu começar a escrever um post sem primeiro esgalhar um bom título, foi isso que eu estudei publicidade - haverá aí muito leitor que não sabia esta, que eu estudei para ser vendedora da banha da cobra e, arriscando mais uma vez a justa causa, se o patrão me descobre o quintal, não trabalho na indústria publicitária, mas, basicamente, o meu quotidiano é esse mesmo, mas não faço filmes, nem coisas criativas, nem sou tão bem paga como provavelmente seria, se levasse a vida a fazer anúncios, mas se eu já fico puta da vida com notícias sem importância, não sei como reagiria se tivesse que fazer um anúncio do Jumbo com o Jorge Gabriel a perguntar a uns actores pagos para fingirem que são pessoas normais, apanhadas de surpresa, a afirmarem que esse hipermercado é o mais barato -, quatro anos a fazer o curso com os pés num edifício bonito em Benfica, sobre a Segunda Circular, que ganhou o prémio Secil de Arquitectura, mas que é irracional, contra todas as regras do bom senso, da ergonomia, da acústica e o raio que o parta, mas valeu de alguma coisa, para além de pés torcidos no caminho de pedras que o arquitecto teimou em perpetuar para se chegar à porta da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa, sei, pelo menos (mas não precisava de quatro anos para chegar a essa conclusão), que se deve chamar a atenção do consumidor (neste caso, leitor) no primeiro contacto, porque senão ninguém se dá ao trabalho de prestar atenção ao resto, sobretudo se existir uma falta crónica de pontos finais e muitos parêntesis e travessões com coisinhas que não lembram ao menino Jesus.
Mas está muito frio em Santa Marta, o aquecedor irrita-me porque faz muito barulho, eu sempre que escrevo fico com as mãos e a ponta do nariz gelados e, por isso, fiz uma concha com as mãos, levei-a à cara, tapei todo o nariz e a boca com ela e expirei lá para dentro, num esforço inglório para aquecer as extremidades enregeladas, e nisto reparei nas minhas mãos de perto e veio-me à memória esta imagem: o parque de Viseu, junto ao lago, o Leonardo na biblioteca, eu junto à Magui, pego-lhe nas mãos lindas e compridas, analiso a textura da sua pele junto aos nós dos dedos, olho para as minhas mãos pequeninas e gorduchas, que têm uma textura muito diferente, e pergunto: "Mamã, quando é que eu vou ter estrelinhas nas mãos?" (olhem para as vossas mãos e reparem se a pele junto aos nós dos dedos não faz uns desenhos que se aperentam com umas estrelas). Eu já tenho estrelas nas mãos, 22 anos depois de o perguntar à minha mãe vem-me este fantasma do Natal passado do nada, e agora que o escrevi e gastei mais uma pestana a quem ainda não desistiu de ler este post (hoje tive um recorde de visitantes únicos, 125, é o efeito Carrie, e está a dar no iTunes a minha variação preferida, a 15, bem na realidade, é a 21 a favorita, bom, são as duas, adiante), vamos a isto, Lisboa (argh, resquícios da campanha eleitoral do Carmona; é que há pouco, passava pouco tempo depois de me ter transformado em abóbora, às doze badaladas da meia noite, estive a rever as fotos da divertida campanha, demorei-me, sobretudo, numas hilariantes tiradas pelo Hermínio numa sardinhada no Vale de Santo António).
Começou a guerra química em Santa Marta. Ontem, quando afoguei sem piedade, às cinco e picos da manhã, o exército de formigas que teima em não içar a bandeira branca, voltei à diplomacia, vamos lá assinar o tratado de paz, eu não gosto de matar nenhum ser vivo, basta de carnificina, vamos lá, senhoras, que maçada, mas não, estas formiguitas são da pior espécie, guerrilheiras bárbaras, e hoje já tinham novamente um exército armado, que me atacou um pacote de bolachas e o saco do lixo. Não me restou outra opção senão utilizar o meu arsenal de armas de destruição maciça - Raid Casa e Plantas. Vamos lá ver se é desta...

Hoje voltei ao Independente. Como sou uma tesa de primeira, não tinha dinheiro para telefonar ao meu irmão emigrado na Escócia que, ontem, fez 25 anos (ou 24? para além de tesa sou desnaturada), fui então ao Independente chular o meu irmão mais velho: "Não te importas que eu faça a chamado do teu telefone, pois não?"
E ele não se importou, claro. O meu irmão mais velho até mesada me dava quando eu já trabalhava.
Mas eu não punha os pés no Independente desde que engravidei inadvertidamente de um jornalista desse pasquim e correu tudo anormalmente bem, a loira endiabrada esteve a brincar com o tio e com o paizinho e eu até consegui ir a um café manhoso da Almirante Reis com o indivíduo que começou essa tradição de cafés feios porcos e maus (este era só piroso, tinha um painel de azulejos com o rei Artur).
É que hoje, finalmente, consegui chorar qualquer coisita depois de o destino ter mudado a uma terça-feira, afinal ainda não fiquei de pedra, teve apenas efeito retardado, a dor da pancada - as árvores não são apenas árvores, ninguém me tira esta da cabeça -, e a coisa correu, também, anormalmente bem.
Por isso, hoje (ontem) foi um dia anormalmente estranho. E a propósito do meu post anterior, ao estilo da minha mais recente paixão na blogosfera, ele escreveu assim, no seu blogue, o tal que eu não vou linkar porque ainda arranjo um bilhete de ida, sem volta para Sarilhos Grandes:

Eram blogonamorados. Quando ela o apanhou na caixa de comentários com outra acabaram tudo.

P.S.: You wish.
P.S.2: I wish.

Quatro da manhã. Mais uma noite. Quantos dias aguentarei eu a dormir três horas?

19 comentários:

Telescópio disse...

No meio dete texto, está escrita a frase "Não faço filmes".
Tantos sentidos.
Tão sentidos.

Som de Ben Harper também para ti.
«Baiiiiiiiiiiiiiiby!»

Mary Lamb disse...

Queimo as pestanas, mas são muito bem queimadas, desde a raiz até ás pontas e fico sempre com vontade de mais. Que bom!

MPR disse...

É dar por mim de manhã a olhar para os nós dos dedos até reparar que tenho duas pessoas no emprego a fixar-me como se eu fosse doido e me auto-intitulasse Napoleão... Sim, tambem tenho estrelinhas, que nunca vi, nem conhecia - olá bom dia, então são vocês as minhas estrelas...
E as manhãs já não começam da mesma maneira se eu não passar por aqui.

Dia disse...

Ricky,
Se estavas acordado àquelas horas imorais, tinhas-me ligado e ouvíamos o Sexual Healing cantado pelo Ben para adormecermos ;) ehehehehehhehehehehhe
Fora de brincadeiras de índole sexual (e, caros leitores, não fiquem chocados com o calibre das minhas insinuações com o Ric, é que a nossa história é antiga, surreal, mete sexo e está em draft há muito tempo - estou aqui a pensar que, se calhar, até o publico no Natal, e junto o post ao presente de Natal horrível que lhe comprei e que ainda não fui buscar à loja, apesar de o ter reservado à mais de um mês), encontrei uma música linda do Ben na net, até disse ao sargento ontem à noite, Alone, versão acústica. Conheces?
Devia pô-la aqui a tocar no blog, mas o inominável (já não é incitável) diz que o meu blogue é para ler, não é para escutar. Mas aquela música é a minha cara. Essa e o Another Lonely Day. ehehehehehhehehe bem, já estou a fazer um post dentro de um post, acabo de acordar e esta noite, afinal, foi uma bonança, dormi cinco horas e não três horas e, hoje sim, o dia tem um desígnio lixado e complexo: ir para as compras de Natal (as últimas) e levar a mãezinha para o talho e para o supermercado, porque, afinal, sempre vai haver Natal lá em casa. Eu, de qualquer forma, tenho já um plano B, para o caso de o Natal dar para o torto, que, se o activar (e acho que vou), depois escrevo.
eehhehehheheheh (estou a escrever isto ao mesmo tempo que passo o corrector de olheiras da Clinique por debaixo dos olhos)
Até já e shame on you, ricardo!

Anónimo disse...

Desculpa repetir.....
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....mas as árvores são apenas árvores!
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Bom Natal pati.....

MPR disse...

Bom dia, que postas nos comments enquanto eu comento nos teus posts...

Dia disse...

Rais'parta o eu que é teimoso...
Um bom dia, meu querido MPR. Adorei o teu comentário.

Anónimo disse...

Desculpa.......
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não volto a comentar.......
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está prometido!!!!
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PS:......+-30 anos, front end dinâmico, produção independente realizada, só!!!!, estás no caminho de ficares "bichada".....cuidado!
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até sempee

Dia disse...

Oh Eu, um bocadinho atrasado mental esse comentário e, sobretudo, o amuo -já nem falo da tentativa ridícula de me quereres ofender com essa do "bichada". Sabes, é que só me magoa dizer que tenho mais ou menos 30 anos, quando é a minha mãe a meter-se comigo.
Quando são atrasadisses mentais de uma pessoa que me conhece demasiado bem por apenas por um blog, apesar de nunca me ter visto, é-me perfeitamente cagativo, até porque, caro Eu, eu sei que sou um mulherão do caralho (hoje estou maníaca), para quem toda a gente.
Tem um Bom Natal e, de facto, se calhar é melhor não voltares, porque não me chateia ter 27 anos, não me chateia ter uma filha de produção independente (eheheheheheheh é mesmo de produção independente porque o pai trabalha lá para esses lados), mas já me chateia ter um leitor tão mesquinho e básico (já nem falo dos erros ortográficos).

Dia

MPR disse...

Grande Dia! Touché!

Anónimo disse...

Excepção ao prometido......(é que não tenho nada por fazer aqui na tasca)....
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nítida reacção de ".....".....,
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não escrevi, afinal ainda tenho coração, sou muita bué de bom..., o Narciso é meu irmão gémeo),
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Hoje sinto-me realmente básico, além de feito, porco, mau e acheirar a ....., (mas ninguém escreveu nada cá no lombo, levava logo uma talochada)...
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Quanto aos erros, esta quarta classe.........estes prof's.....esta falta de cultura....esta basicidade....a única coisa que me safa é aproveitar-me delas quando estão com os copos e ser bom na cama!
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PS: conselho, não deves dar trela a gajos como eu.....não percas tempo....ando por aqui apenas a dar umas voltas, claro qwue dou mais atenção à fruta bichada do burgo...., são de ir às lágrimas!.....mas olha não és a única!!! e sinceramente não és o pior caso.......
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Anónimo disse...

mpr...
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Força, o teu caminho é sempre em frente!!!!, (há uns dez anos atrás, também passei por essa fase).....
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Olha, se és sinceramente bonzinho cuidado, as gajas fartam-se dos bonzinhos.....
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Se és melância, (bonzinho por fora e um filho da.... por dentro), força tens as ferramentas certas....

MPR disse...

Bom na cama, e gajas e tal, há dez anos e treta, que sou muito à frente e dread e radical e cago-me para o mundo, que sou muito filho da puta, mas nem sequer tenho colhões para escrever puta no comentário, e divirto-me como tudo a chatear os outros e provar que sou muito homem ao chatear os outros... Manca-te meu! As miudas fartam-se dos bonzinhos e há dez anos passaste por esta fase? Foi pá? Que bom hem! Será esse o teu problema? As gajas não te ligarem? Falta de sexo? Ou falta de cu? Sabes que a malta que afirma demais que é bom na cama normalmente é porque não fode há uns meses e a última vez que fodeu só recebeu bocejos do outro lado. Ou achas que és alguem por trabalhares num jornal de merda que já passou de prazo quando o PP se mudou para o PP, que contrata falhados para escrever e que está à beira da falência? E essa insegurança com os bichados? Andas recalcado? Alguem te comeu no sitio errado numa noite do Bairro e acordaste de manhã a dizer nunca mais bebias cerveja preta? Gostaste e não devias? Cresce menino, que há tansos com mania que são gente...

Anónimo disse...

mrp.....
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hahahahaha.......
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mas olha era mesmo "pontapé na..."!!!!, nunca bejeca
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descoberta a careca.......és melância.....
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um gana abraço

Carrie disse...

Dia, e que tal ires buscar o lápis azul. Vendem-se à meia dúzia ali na papelaria Fernandes. Folgo em saber que existe um efeito Carrie, eu que sempre pensei que não fazia nenhum, a não ser uns quantos torcicolos quando a cabeça roda, comandada pelos olhos que não descolam, principalmente em dias como hoje, em que estou feliz. A felicidade faz-nos mais bonitos, não faz?

[ t ] disse...

eu queria ler-te descansada. vou esperar que a noiva do chefe se vá..

[ t ] disse...

dia, minha querida... a rainha diz que isto está muito quente aqui para os teus lados.

Telescópio disse...

Big kiss, vou comprar agora a tua prenda. Já tenho uma ideia. Promete...

Dia disse...

Meus queridos, que granel...
É o stress pré-traumático do Natal?
Oh Eu, francamente... Eu sei que o post se chama "começou a guerra química", mas calma, essa hiper-sensibilidade parece-me totalmente a despropósito. Carrie querida, aqui não há lápis azuis, se calhar é uma tolice minha, mas não gosto de censuras. MPR, obrigada por seres o guarda-costas do meu quintal. Voltem todos sempre.