sábado, dezembro 10, 2005

O diospireiro da vizinha alentejana

Algo vai mal com o diospireiro da minha vizinha alentejana que me chama de amori.

Não dormi, estou outra vez tendinitosa (já tomei um Clonix, grande doida, mas pode ser que o mais eficaz pain killer que eu conheço apague outras dores enquanto me destrói o estômago), entreguei a miúda, já fumei cinco cigarros, estendi a roupa que pus a lavar às quatro e meia da manhã, e, enquanto estava nisto, enregelada, com o frio de uma manhã de céu limpo, vi o vizinho do prédio ao lado em cuecas, na sua sala belíssima e ilegal, construída onde outrora havia um quintal, e fiquei estática e preocupada, com umas peúgas rosa choc da loira na mão enferma, ao reparar que as folhas do diospireiro da vizinha alentejana já caíram, jazem no chão de tijoleira, e não há uma única bolinha encarnada pendurada nos troncos.
Ando a sonhar com aqueles diospiros desde que me mudei para esta casa.
Algo vai mal naquele quintal, onde lá ao fundo uma tangerineira está carregadinha de bolinhas laranja.
Vou ao supermercado comprar um diospiro.

Sem comentários: