sexta-feira, dezembro 16, 2005

Incoerências

Eu não sou coerente.

Defendo a pena de morte, mas sou contra o aborto.
Digo ser alérgica a comunistas, mas uma das minhas melhores amigas é "casada" com o partido e escreveu um livro com o Cunhal (que eu nunca li, é um facto). E, olhem, esta também é bastante divertida: sou super fã do Carvalho da Silva (mas ele é um revisa não assumido, não é? Deve ser por isso...).
Acho o capitalismo perfeito, porém, acredito e luto pela defesa de grande parte do legado do Estado-providência.
Dana-me que o raio da Constituição do meu país democrático tenha escarrapachado, no Preâmbulo, que vamos todos, cantando e rindo, "abrir caminho para uma sociedade socialista".
Digo ser de direita, mas não sou praticante. Se o poder e a riqueza tivesse ficado nas mãos que tradicionalmente sempre os tiveram, toda a minha família seria pacóvia e miserável lá para os lados de Viseu. O meu avô Ralha não teria sido várias vezes secretário de Estado nem um cientista notável, e o meu avô Oliveira não nos teria deixado um património imobibiliário avaliado para lá de cinco milhões de euros.
Votei mais vezes na esquerda que acho "divertida" (no partido do Garcia Pereira - não acho o Soares divertido, muito menos o Bloco...) do que propriamente na direita. Geralmente, voto em branco, mas voto sempre, porque acho que houve muita mulher com tomates (e provavelmente pelos debaixo dos braços, coisa que não advogo) a lutar há menos tempo do que efectivamente parece, para que eu, gaja, tivesse esse direito, que também é dever. Das vezes que votei na direita, votei no partido que se apropriou indevidamente de uma das minhas cores favoritas, o laranja, e confesso que fiquei com náuseas logo a seguir a meter a cruz no boletim.

Sou mãe solteira, acho que nunca me vou casar, apesar de continuar a acreditar no Amor e na Família. Não sou católica, não sou de religião nenhuma aliás, mas acredito em Deus (agora sim com maiúscula, fizemos as pazes ontem, no fim de tudo, de toda a sujeira dos últimos dias, apercebo-me que ele não andava zangado comigo, nem que tinha desaperecido, andou a escrever com uma caligrafia linda, desenhada com primor, em linhas tortíssimas e num papel rasca).

Tudo isto para vos dizer que a bébé que vem nas notícias e que tem um nome que todos nós devemos não esquecer - Fátima Letícia - não tem nada a ver com a eleição do Presidente da República. Era um desabafo meu face ao silêncio da blogosfera de "grande envergadura" (hoje em dia leio mais blogues que jornais) face ao aberrante crime que foi cometido na terra da minha família. Aparentemente, como diz o FTA no seu blogue, o mal banalizou-se.
Os meus dois incitáveis favoritos lá se redimiram, nos blogues que eu não posso linkar aqui - mas posso escrever os nomes, não? Glória Fácil e Mau Tempo no Canil -, senão a maralha apanha-me este quintal e ele fica cheio de ervas daninhas.

4 comentários:

MPR disse...

Curiosidades...
Eu sou contra a pena de morte e a favor do aborto. Não acho o sistema capitalismo perfeito, longe disso. Não tenho avôs notáveis, e muito menos com património. Nunca votei à direita do PS na vida e não acho o Garcia Pereira nada divertido, nem sério, nem coisa nenhuma. Vou-me casar de certeza, estou muito apaixonado e ainda não tenho filhos. Não sou católico nem acredito em Deus. Não tenho um grande blog, não é de referência nem de longe.
No entanto engraço contigo. Ou antes, simpatizo com o teu blog, gosto do que escreves.
Só prova que as simpatias não têm puto a ver com as ligações em termos de vida ou de ideais...
E cá vamos... cantando e rindo...

Já agora, sou contra o prefácio da Constituição e a sua identificação socialista...

Mary Mary disse...

Só para dizer que ando por aqui Diazita... Tenho lido todos os pots... ;)

Só venho dizer que a única coisa que sei da bébé é a sua idade e ter sido espancada pelos pais. Contaram-me e como não vejo televisão muito menos agora saber como vai indo o desenrolar desta história. Para mim apenas tem um final, amarrar os pais a uma árvore e todos os que quiserem bater-lhes poderem ir. Eu levava um taco de golfe. Política nem quero saber, devia mas com tanta política em casa (someday I'll tell you) e sem conseguir escapar, televisão não opção...

Beijos e queijos para ti e para a pequena Carolina... :)

Filipe Simões disse...

Eu posso dizer que também sou a contra a pena de morte,mas também quero dizer que em certos casos como desta bebé indefesa de Viseu espancada pelos pais nunca poderiam ter outra sentença que não a pena de morte.
Podem dizer que eu tou a dar o dito pelo o não dito,mas é assim que vejo as coisas.
Porque a alegria de viver,o crescer feliz e em familia esta criança já não vai ter.Mas vai viver eternamente (se sobreviver) com as mazelas,as feridas provocadas pelos seus pais que apenas lhe deviam ter dado amor,carinho e em vez disso lhe deram porrada.
Acredito que todas as pessoas que cometem crimes teêm direito a uma segunda oportunidade para se remediarem,e que a pena de morte não lhes dava essa oportunidade mas também é verdade que quem faz uma coisa dessas á própria filha é capaz de muito mais.
Quanto a politiquices,tal como a justiça pouco ou nada acredito,mas cumpro com o meu dever civico e é verdade que o meu voto é quase sempre laranja talvez porque acredito mais nas pessoas desse partido do que nas outras.Á esquerda é zero,Louças e Jerónimo são lideres da derrota pelo simples facto que se candidatam em todas eleições e as próximas é mais uma para perder.
Nas próximas eleições já tenho o meu sentido de voto direcionado e não é para certos avôs que deviam estar em casa junto da familia porque já teêm idade para isso e resolveram voltar a candidatar-se.
No amor,espero um dia casar e ter filhos,irei tentar cuidar da minha familia e dar todo o amor possivel que conseguir para eles terem uma vida melhor e o mais feliz possivel.
Dia estou contigo e adoro os teus posts.
Continua...
Beijinhos.

Anónimo disse...

Sou contra a pena de morte, mas a favor da prisão prepétua. Que aprodeçam até o resto das vidas os que merecem.