segunda-feira, dezembro 19, 2005

Não durmo há cinco meses

Doze e doze. Excelente hora para começar seja o que for. Neste caso, um post. Por enquanto, sem nome.
Perdoa, dona thê (em minúsculas, como gostas; passei a escrever para ti e, se depois desta declaração, tivesses dúvidas quanto à minha orientação sexual, ainda vai que não vai).
O Pestana está a bater à porta - creio que é o Dionísio, padrinho do outro dos hotéis, e temos que ir ao Palace na Rua Jau, agora que começámos uma tradição de beber chá em hotéis cagões - e eu vou abrir, antes que ele desça as escadas, vou deixá-lo adormecer-me com festinhas no cabelo (estou cansada, não durmo há cinco meses. Faz hoje cinco meses que não durmo).
Sentei-me no sofá com a intenção de imortalizar, neste quintal, mais um capítulo surreal das nossas vidas (o que têm os nossos narizes? Transformam o ar poluído da cidade em droga alucinogénea? será isso? ou estas coisas acontecem mesmo?).
Escrevo sempre no sofá. No laranja. Escrevi um bonito no cadeirão branco, mas o laranja, com vista para o chão axadrezado encarnado e beige da cozinha é onde as palavras me chegam em catadupa, raramente de mansinho.
Mas a digestão do bolo de chocolate que degustámos no hotel desenhado pelo Siza e que nunca será o mesmo depois da passagem do furacão Carolina, não me trouxe as palavras que o nosso fim de tarde alucinogéneo no Chiado merece.
Amanhã ponho tudo em posts limpos.
Depois de conseguir dormir.
Hoje não consigo porque é Domingo (e esta última frase é do meu marido literário, eleito há bocadinho a melhor coisinha que me aconteceu este ano; não fica com ciuminho não, dona thê, a menina superou-se em apenas uma semana - uma semana e dois dias daqui a umas poucas horas).

1 comentário:

[ t ] disse...

olha que sou um bocadinho ciumenta... só assim um bocadinho (risos). mesmo perdendo a noção do tempo. andando à deriva. a surrealidade só afronta pessoas fortes. essas somos nós. não sobrevivemos, vivemos. são coisas muito diferentes. e como duas tresloucadas (com a mesma orientação sexual sem sombra de dúvidas) nunca iremos ser indiferentes. a dor virá sempre e iremos senti-la. o filme foi surreal por isso a dor também o é.